quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Vou ser feliz agora... Agora, vou ser feliz!


Não se acostume com o que não o faz feliz, 
revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças,
 mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!

(Fernando Pessoa)



Durante toda minha existência estive em busca de uma felicidade fictícia. Procurei por aquela felicidade que, pretensamente, me tornaria uma pessoa realizada e plena. Deleguei aos outros e às coisas a responsabilidade de me fazerem feliz.
E, nessa busca por uma felicidade utópica, desperdicei a maior parte dos meus anos sendo infeliz...
Tentava ser perfeita ao subir no palco da minha vida para encenar todos os meus personagens: esposa, mãe, amiga, companheira, filha, irmã, tia, professora, aluna, prima... Porém, ao final do ato, mesmo sendo aplaudida de pé, o que restava apenas, era um gosto amargo e uma nítida sensação de que não havia dado o melhor de mim.
Ansiei, por tanto tempo, ser exemplo da mulher madura, centrada, equilibrada, realizada, que deixei para trás a possibilidade de vivenciar momentos valiosos, sendo apenas eu mesma, sem encenações, sem representações...
Meu desejo de aprovação sempre foi um dos nortes que me impus a perseguir. Morria internamente, mas não deixava que minha morte fosse visualizada pelos que me rodeavam. Meu luto era apenas meu... Apenas eu o chorava... Sem conforto... Sem apoio... Sem compreensão....
Depositei demasiada confiança nas pessoas e, quando não a recebi em troca, não fui capaz de superar a dor da decepção. Decepção essa que colidia de frente, irremediavelmente, com minha busca pela felicidade.
Porém, de pouquíssimo tempo para cá, algo mudou dentro de mim. Não sei se o amadurecimento chegou de verdade. Não sei se cansei de almejar por algo inatingível. Não sei. Apenas sei que o meu interior está passando por reformas. Todo meu entendimento acerca das razões da felicidade foi demolido para ser construído, em seu lugar, um edifício sólido, seguro e adaptado às variações da vida.
Assim, tenho procurado entender que a felicidade plena, aquela que nos leva a um estado de elevação espiritual, pode até existir, sim, não a nego, porém, ela não é constante. Não há ser humano que possa afirmar, sendo sincero com ele próprio, que não tenha seus momentos difíceis, momentos em que parece que toda a alegria do mundo saiu porta afora, deixando-nos completamente sós.
Tenho compreendido, também, que as razões para minha felicidade não podem ser encontradas fora de mim. Não é possível mais que eu deposite nas pessoas ou coisas a responsabilidade pela minha felicidade. Acabou! Dei um basta na ditadura que me impus de ser, pelo menos aos olhares alheios, forte, realizada e feliz.
Agora, deleguei apenas a mim mesma essa responsabilidade, pois, apenas eu, mais ninguém, posso me tornar uma pessoa mais leve, mais de bem com a vida, mais repleta de alegria.
Entendi, então, que minha felicidade está nos meus olhos, na maneira como enfrento os obstáculos, no modo como me doo às pessoas e às situações. Compreendi que não posso mais representar tantos papéis sem nunca falhar em algum deles, pois, nenhum ator, por melhor que seja, é insusceptível de falhas. Aprendi a não esperar por aplausos unânimes, uma vez que não é possível agradar a todos, cem por cento das vezes.
Percebi, também, que me é possível estar em paz comigo mesma, mesmo que de vez em quando eu chore. Mesmo que eu deixe transparecer aos outros minhas feridas e cicatrizes internas, pois agora sei que isso não é motivo para me sentir fraca, mas, é sinal de que respeito minhas emoções e que, quando elas extravasam da minha alma, elas se perdem no tempo e me deixam pronta para recomeçar a ser feliz.
Vou ser feliz agora... Agora, vou ser feliz!


Um beijo feliz!


2 comentários:

  1. "Quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim."
    Cecília Meireles

    ResponderExcluir
  2. Olá, querida Ana, é uma honra ter você aqui de novo! A felicidade, descobri recentemente, só pode ser encontrada em mim mesma, em meu olhar, em minha forma de ver a vida...

    Um beijo enorme

    Bete

    ResponderExcluir