segunda-feira, 24 de setembro de 2012

E eu surtei...


Bete Tezine, Neurônios, 2012. 
Bordado sobre fotografia, 20 x 30 cm.




Eu me preparo para 
algum  surto,
 perca de fôlego,
 náuseas, tontura... 
E nada acontece.

(Káah Azamba)







Os dicionários definem a palavra surto, como sendo: 1. Aparecimento inesperado de algo; 2. Crise, manifestação intensa de um fenômeno favorável ou desfavorável. Por sua vez, em seu sentido  psiquiátrico e/ou psicológico, o vocábulo surtar é: 1. Entrar em surto psicótico, ou em crise psicológica. 
Em neurologia, o surto se dá quando as lesões na camada de mielina inflamam. Assim, para nós, portadores de Esclerose Múltipla, a possibilidade de surtar é algo palpável, cuja expectativa de chegada nos ronda constantemente. 
Mas, surtar, assusta... assusta muito...seja pelo termo, pois parece que vamos enlouquecer, literalmente, seja pela possibilidade de sequelas graves. Tudo é muito difícil de ser resolvido dentro da nossa cabeça, ao menos, dentro da minha.
Conforme disse ontem, a primavera passada trouxe com ela um surto de presente para mim e, a primavera que chegou ontem, sentindo que não poderia vir só, pois acostumada que está a trazer-me companhia, na falta de coisa melhor, resolveu trazer com ela um novo surto...
Acho que surtei.... surtei em todos os significados do termo: 
1. O surto chegou inesperadamente, não deu avisos que estava vindo;
2. Manifestou-se de forma intensa e desfavorável;
3. Minha mielina inflamou;
4. Estou tendo uma crise psicológica.
Devo confessar que tenho medo, pois, já disse outras vezes que sou apenas um ser humano tentando reformar a própria vida, fazendo ajustes, consertando avarias, reposicionando emoções, superando deficiências. No entanto, o processo de autorreparação é complexo, longo e demorado, além de ser doloroso e necessitar de constantes adaptações.
Porém, não tenho como devolver o presente primaveril, pois a estação das flores não aceita devoluções, já deixou isso bem claro anteriormente. 
Assim, vou lidar o melhor que posso com a agudização da minha doença, uma vez que ela está reclamando minha atenção e cuidados, vou dar a ela um pouquinho mais de colo, até que ela se sinta valorizada novamente e readquira a confiança em si própria.
Agora, queridos amigos, vou para a pulsoterapia....

Um beijo carinhoso.



2 comentários:

  1. Oi Bete,
    Não é mesmo fácil ter surtos assim sem ser "avisado antes". Mas se soubéssemos o que ia acontecer talvez o medo ou a ansiedade talvez tornasse a coisa bem pior e potencializasse os efeitos... Bom são apenas conjecturas... Temos que tentar viver o presente... Melhoras para você.
    Abraços,

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    1. Obrigada, querida Drika, a vida é cheia de surpresas, na verdade, são bem poucas as coisas que podemos prever e, um surto de Em, não poderia ser diferente. Talvez, seja melhor assim, sofrimento por antecedência maximiza qualquer dor!
      Beijos

      Bete

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