quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Hoje eu resolvi mudar as cores do meu mundo



Van Gogh, A Noite Estrelada, 1889



Se me pedem para que me descreva, 
sou como uma pintura de Van Gogh, 
bela e densa, definitiva e tensa.

(Jeocaz Lee-Meddi)











Na noite passada, conforme disse Raul Seixas, 
tive um sonho de sonhadora,
artista que sou,
eu sonhei que estava mudando todas as cores do meu mundo. 
No meu sonho, 
munida de pincéis e de uma paleta de cores sem fim, 
dei início ao meu processo de acrescentar cor onde nenhuma antes havia.
Parei por um instante apenas, 
a fim de me decidir por onde começar. 
Não precisei muito de tempo, 
pois, já que fazia parte do mundo que queria repintar,
resolvi começar a reforma por mim mesma.
Assim, com movimentos de rápidas pinceladas 
pintei de azul meu coração. 
Não gosto dele vermelho. 
Por que ele precisa ser vermelho? 
O meu eu queria azul. 
Vermelho me remete  às paixões desenfreadas,
não quero isso para mim, 
quero amor aconchegante, 
amor reconfortante,
por isso eu escolhi azul.
Depois, passei para meus olhos, 
pintei minhas retinas de verde, 
pois, na minha visão sonhadora, 
a esperança passaria a morar dentro delas, 
caso lhes desse essa cor. 
Em seguida, quis mudar, também, a cor do meu cérebro. 
Peguei, então, um pincel fininho, 
de cabo bem comprido e, 
delicadamente, passei a recolorir a minha massa cinzenta,
pois, não gosto da cor cinza. 
Cinza me lembra dos dias melancólicos de inverno, 
lembra poluição, depressão. 
Meu cérebro nunca mais iria ser deprimido 
porque o pintei de amarelo. 
Mas, ainda não havia terminado, 
faltavam os pontinhos brancos, 
que me olhavam amedrontados, 
querendo se rebelar, 
mas, com muita calma e cuidado,
um a um fui pintando de violeta,
a cor da energia positiva.
Agora, eles deixariam de ser impulsivos e imprevisíveis.
Por fim, reservei tintas para recolorir
uma importante parte de mim que, 
por mais que eu a hostilize,
ela sempre fica a espreita,
tentando me pegar distraída.
Olhando bem para ela, 
percebi que eram suas vestes pretas 
que sempre a escondiam de mim.
Então, a fim de torná-la visível
para que eu pudesse prevê-la,
pintei suas roupas de rosa, laranja e carmim,
por que, no final das contas,
os surtos precisam ser negros?


Um beijo cheio de cor!

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