sábado, 8 de setembro de 2012

Liberdade


Bete Tezine, Liberdade, 2012. Aquarela e ponta-seca 
sobre fotografia, 20 x 30 cm.




Amo a liberdade, por isso 
as coisas que amo
 deixo-as livres.
Se voltarem 
é porque as conquistei
Se não voltarem
 é porque nunca as tive.

(Bob Marley)





Quando fotografei minha filha nessa pose, naquele momento foi simplesmente mais uma fotografia. No entanto, depois de revelada, percebi que era uma imagem especial. Tão especial que resolvi transformá-la, de um simples retrato, em um trabalho artístico.
Hoje, observando-a novamente,  me dei conta do porquê dela me tocar tão intimamente. Ela me transmite liberdade. Não aquela liberdade que nos é assegurada por lei, mas aquela liberdade de sentirmo-nos realmente livres.
A liberdade de deixar o vento bater no rosto, de aspirar a brisa do mar, de abrir os braços no vazio, fechar os olhos e deixar o espírito viajar. 
É dessa liberdade que falo.
É da liberdade de andar, sem pressa, sob a chuva. Deixar que os pingos caiam sobre o corpo, encharcando nossas roupas e fazendo-nos arrepiar. Ou de correr descalço na grama, sentido a aspereza da vegetação massageando nossos pés.
É lambuzar-se comendo uma manga madura, sem se importar que o suco escorra pelo nosso rosto, manchando tudo que toca. 
É a liberdade de debruçar-se na janela e ficar olhando as estrelas no céu ou a chuva fininha escorrendo pelo chão. Liberdade de imaginar que as nuvens são formas feitas de algodão. 
Falo do sentimento de liberdade de simplesmente sentar-se para ver o por-do-sol. De cantarolar fora do compasso apenas porque somos livres para cantar.
Quando falo em liberdade, falo de poder andar na beira da praia com as ondas acariciando nossos pés. Falo de poder fazer buracos na areia para que as ondas os encham de água. Falo de poder deixar o pensamento vagar sem destino, sem fixar-se a coisa nenhuma, pelo simples prazer de não pensar.
Liberdade de assoprar bolhas de sabão... de morder a tampa da caneta... de fazer corrente de clipes para papel... de tamborilar os dedos sobre a mesa... de rir de coisa nenhuma... de deitar no chão de barriga para cima e ficar sem fazer nada...de ler um romance ou assistir um filme que apenas te emocionem, nada mais...
A liberdade de abraçar um amigo sem precisar de razão. De poder sorrir para todo mundo sem motivo algum. De rodopiar ao som de sua música preferida.
Essa liberdade é a que sinto quando vejo a imagem da fotografia, pois sei que foi essa a liberdade vivenciada por ela naquele instante em que se pôs a sentir o vento a tocar-lhe o corpo e a sussurrar-lhe ao ouvido: você é realmente livre!


Um beijo repleto de liberdade!!!




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