quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Carta a um amigo













Meu querido amigo,






Estive pensando em tudo que poderia ter-lhe dito e não falei. Talvez pudesse ter falado muito mais do que palavras de incentivo ou, talvez, pudesse apenas ter te ouvido mais e falado menos.
Sei que a dor que te assola é daquelas que parecem que nunca irão parar de doer.
Sei que sua decepção com as pessoas é daquelas que, quando se apossam de nós, faz feridas no coração e enegrecem a alma.
Sei, também, que a sua angústia é imensa, porém, não é maior que todo o amor que eu possa te dedicar.
Entendo que o seu sorriso congelou nos lábios e que suas palavras de riso não saem mais espontaneamente.
Entendo que o brilho do seu olhar se turvou e que lágrimas amargas te impedem de sorrir com o olhar.
Mas preciso te dizer uma coisa, apenas mais uma, além das que já lhe falei.
Você é especial. E como ser especial carrega em ti um dom de Deus. 
E esse dom libertará seu coração de toda angústia, de toda dor, de toda decepção. 
Deixe que suas palavras falem do que te inquieta. Deixe que elas expressem todo ressentimento e toda desilusão que ficaram guardados na sua alma. 
Coloque em cada verso um pedacinho da dor que lhe aflige. Derrame em cada rima uma lágrima amarga. 
Não posso dizer-te que tudo isso vai passar, assim, de repente. Não posso lhe assegurar que ao acordar você terá superado a mágoa que te afoga. Não, eu estaria mentindo e, amigos verdadeiros, não mentem...
Mas, meu adorável amigo, o que posso lhe afirmar, com certeza, é que as noites não são eternas. Que as tempestades da nossa vida não duram para sempre. Que não há ferida na alma que, com o tempo, não vá cicatrizando devagarinho....devagarinho... até que, apesar de permanecer ali, quase não a enxergamos mais.
Posso lhe dizer, também, que a dor, com o passar do tempo, começa a doer menos, que a cada dia um pouquinho dela vai sendo derramada, gota-a-gota, até restar apenas uma pálida lembrança do que a instalou dentro da sua alma.
Ainda, amigo do coração, sei que, aos poucos, a confiança nas pessoas vai voltando, dia-a-dia, minuto por minuto, segundo por segundo, um tiquinho por vez, até que te seja restaurada toda a fé na humanidade.
Só lhe peço uma coisa, não feche as portas do seu coração. Deixe uma brechinha aberta para que a felicidade, sorrateiramente, possa voltar, pois, se ela encontrar a porta fechada, talvez, vá embora sem bater.
Por fim, estou aqui para te dar um abraço, beijar sua face e chorar com você, porque a dor não chorada demora mais para parar de doer.


Um beijo em seu coração.



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