quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O ato de sabotar a si mesmo...




Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar um autor da própria história. 

(Augusto Cury)








É mais do que normal quando do diagnóstico de qualquer doença, seja ela passageira ou incurável, que nos sintamos desprotegidos e vítimas das circunstâncias. Nós choramos, nos fragilizamos, buscamos apoio às nossas lamentações, medos e incertezas. Queremos "colo". 

O choque do diagnóstico faz com que nos sintamos as pessoas mais desafortunadas do mundo e isso é compreensível, pois, seja a enfermidade que for, ela nos debilita tanto física quanto emocionalmente. 

Ficamos de luto pela nossa perda. Perda sim, pois, mesmo que transitoriamente, perdemos a saúde e se instala em nós a debilitante sensação da perda de controle da nossa própria vida, pois passamos a depender de tratamentos medicamentosos e, muitas vezes, de terapias complementares. Viver esse luto é essencial para que recobremos as rédeas do que fazer com nós mesmos enquanto estivermos adoecidos. 

Porém, o sentimento de autovitimização não pode nos perseguir durante todo o nosso processo de convivência com a patologia, sobremaneira quando o diagnóstico aponta que teremos de carregá-la pela vida inteira, como por exemplo no caso da Esclerose Múltipla. Ser vítima de uma doença é uma fatalidade, porém, se autovitimizar é tornar-se prisioneiro do sentimento de autopiedade, é ter pena de si mesmo e se colocar na posição de eterno sofredor.

A autocomiseração corrói a alma e contamina todas as emoções que a tocam. A autocompaixão se irradia e atinge aqueles que nos circundam, fazendo com que eles se tornem endurecidos e deixem de nos estender as mãos quando de fato precisamos.

Lamentações, lamúrias, choramingos não fazem com que as pessoas sintam vontade de lutar conosco, pelo contrário, elas causam repúdio e acabam nos fazendo solitários, enclausurados dentro de nós mesmos, sem qualquer chance de libertação.

Ninguém precisa e nem tem a obrigação de ser forte o tempo inteiro. Não somos super-heróis e por isso temos direito ao choro, aos dias escuros, aos momentos de profundo desencanto e revolta. Mas, o que temos de ter bem nítido em nossos sentimentos é que somos muito mais fortes do que imaginamos e possuímos um poder de enfrentamento imensurável que, muitas vezes, desconhecemos por estarmos mergulhados na posição de vítimas da situação.

É preciso que levantemos a cabeça e sigamos em frente seja como for. Não será um corpo perfeito e, quando digo perfeito não me refiro aos padrões de perfeição impostos pela mídia, mas perfeito em termos de ter todas as funções preservadas, que fará de nós uma pessoa que se faz compreendida e respeitada. Nossa voz nunca será aprisionada por uma enfermidade, seja ela qual for, enquanto mantivermos nossa mente sã, mesmo que às vezes nos demos o direito de fraquejar e demonstrar nossas fragilidades e imperfeições como seres humanos que somos.

Há vida depois de um diagnóstico. A vida não se limita ao conceito do que é ou não ser saudável, pois existem pessoas com um corpo perfeito e uma mente adoecida e pessoas que se encontram em leitos hospitalares, com enfermidades para as quais não encontramos palavras para descrever, mas que possuem mentes tão sãs que todo o resto se torna pequeno diante da grandiosidade de suas forças emocionais.

Vivamos um dia por vez, dentro do que nos é possível viver, mas com a certeza de que podemos encontrar a força que precisamos para nos impulsionar a cada amanhecer dentro de nós mesmos quando não nos deixamos ficar acorrentados pela autopiedade. Temos de parar de nos autossabotarmos.

Beijos encorajadores!


segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

E 2016 começou...


Fonte: Google imagens


A cada chamado da vida o coração
deve estar pronto para a despedida e para
novo começo, com ânimo e sem lamúrias,
aberto sempre para novos compromissos.
Dentro de cada começar mora um encanto
que nos dá forças e nos ajuda a viver.

(Hermann Hesse)



2016, na prática, se inicia hoje. Segunda-feira, primeiro dia útil do mês e eis que, depois de várias aplicações sem reações, o Rebif resolve me fazer acordar como se tivesse sido processada em um moedor de carne gigante ou atropelada por um trator esteira. Ai, que dor de cabeça, que dor no corpo!

Em dezembro, na minha última consulta neurológica, ficou definido que eu continuaria com o interferon por conta dos resultados de minhas ressonâncias pois, apesar dos últimos surtos, a Esclerose Múltipla se mostrou estável, sem sinais de novas lesões ou aumento das antigas. Notícia boa esta! 

Outro fato constatado é que minhas dores são causadas por fibromialgia, condição, segundo minha neuro, muito comum em quem tem EM, uma vez que temos sensibilidade muscular aflorada, o que propicia o aparecimento da síndrome. Então, com algumas alterações de dosagem e de medicamento antidepressivo, devo dizer que fazia tempos que não me sentia tão bem. As dores andam dando uma trégua! Ufa!!!

Por outro lado, sinto que minhas emoções estão bem mais controladas, estou mais positiva e minha energia está sendo mais canalizada para o que me dá mais prazer. Estou aprendendo devagar a me preservar das coisas que me fazem mal, afinal o estresse emocional foi o responsável por mais da metade dos meus surtos até hoje.

Eu quero, eu vou, eu preciso me manter mentalmente saudável para que não me torne escrava dos desmandos da EM e possa dar andamento em todos os projetos iniciados no final de 2015. Tenho muito a realizar nesse novo ano. A ABCEM - ABC Esclerose Múltipla precisa de mim, meus alunos precisam de mim, minha família precisa de mim, meus amigos precisam de mim e, principalmente eu, preciso de mim. 

Hoje está difícil, mas nada que uns analgésicos e um pouco de repouso não dê jeito.

Um beijo carinhoso e um ótimo 2016 para todos vocês!