sábado, 22 de setembro de 2012

Projetos da vida


Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...


A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...

A roda da saia mulata
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou...

A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola prá lá...

O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...

No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
A tua magia eu estou refém.

(Chico Buarque) 


Gastei boa parte da minha vida traçando planos que a própria vida se encarregou de arquivar. Fiz projetos, rascunhos, passei a limpo tantas vezes que acabei por decorar todos os pontos, linhas e entrelinhas das metas que estipulei para mim mesma.
Não sei precisar as vezes que, após o projeto estar pronto, o repassei na memória, dia após dia, tentando fazer com que ele se materializasse. Me empenhei, corri atrás de detalhes que pudessem facilitar a sua execução.
Todavia, apesar de todo o meu comprometimento em dar continuidade a eles, muitos, simplesmente, foram retirados de mim pela própria vida. Não foi falta de tentar, não foi falta de insistir, muito pelo contrário, apenas, não era, segundo a própria vida, um projeto passível de ser executado por mim.
Se me perguntarem se acredito em destino terei dúvidas quanto a reposta.
Não posso afirmar categoricamente que sim, porém, tenho provas incontestáveis de que, às vezes, por mais que desejemos algo, que busquemos por ele, que não poupemos esforços para concretizar a busca, simplesmente não acontece.... não era para ser... não era para ser nosso...
Por outro lado, acredito, também, que não devemos relegar, tão somente às mãos do destino, a responsabilidade pela realização dos nossos sonhos. Não dá para ser assim... não dá para contar, apenas, com o acaso. É preciso que tomemos as rédeas de nossa própria existência nas mãos e que a guiemos pelas estradas sinuosas que nos conduzirão aos nossos ideais.
Muitas vezes, não chegaremos lá da forma como planejamos, seremos conduzidos por outras estradas e atalhos. Outras vezes, porém, os obstáculos serão intransponíveis, nos impedindo de chegar aonde queremos ir. No entanto, não conseguir atingir o alvo,não significa que tenhamos falhado, pois quando damos tudo de nós e, mesmo assim, as situações fogem ao nosso controle, significa que os nossos planos não são os mesmos que o universo reservou para nós. 
Demorei muito para entender isso, mas hoje parei de me culpar por não ter conseguido concretizar todos meus projetos de vida. Compreendi que há coisas que, simplesmente, não foram reservadas a mim, enquanto outras, que jamais idealizei para minha vida, vieram sem planos, apenas entraram porta adentro e se instalaram junto a mim, sem a mínima intenção de se retirarem.
Assim, deixei de me sentir tão impotente e frustrada quando alguns projetos meus foram arquivados pela minha própria vida.

Um beijo projetado com todo meu amor...



Um comentário:

  1. O problema é que somos controladores. Queremos controlar algo que não nos pertence. Aí está a grande graça de viver o presente. O futuro é sempre consequencia do presente.... Bjs lindona

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