(Lya Luft)
Quando da descoberta de qualquer enfermidade grave que nos acometa, passamos a vivenciar um real estado de luto. Luto esse que se manifesta por uma sequência de sentimentos que nos envolve, nos debilita, nos faz mergulhar em sofrimento para depois nos fazer emergir novamente para a vida, prontos para retomarmos do ponto onde paramos nossa própria história.
Choque, ansiedade, negação, depressão, hostilidade, raiva, adaptação, são sentimentos inquietantes que nos acometem para, ao final, nos levar à aceitação da doença que se instalou na nossa vida.
São emoções alarmantes, que mexem profundamente com nosso interior, mas que, embora estejam machucando no fundo da alma, resvalam em todos que nos são próximos, provocando, também neles, sofrimento e sensação de impotência por não poderem fazer nada além de ficarem ao nosso lado.
Todos esses conflitos interiores são absolutamente normais, compreensíveis e humanos. Viver o luto, chorar pelo luto, imergir nas próprias dores, fechar-se em si mesmo, retrair-se diante da enfermidade, tudo isso, nada mais são que reações esperadas e comuns a toda raça humana.
Porém, nada pode durar tempo demais. Nenhum desses sentimentos penosos pode permanecer indefinidamente ao nosso lado. Há tempo de dor, tempo de revolta, tempo de não aceitar... há tempo para tudo, entretanto, todas essas vivências, para serem consideradas saudáveis, devem nos levar, inquestionavelmente, à aceitação de nossa nova condição de vida. Cada um a seu tempo, cada um a seu modo, cada um da forma que lhe for mais fácil, mas a aceitação da enfermidade é o fator primordial para que possamos buscar a cura, quando esta for possível e, em casos de doenças incuráveis, buscar a melhor convivência possível com o mal que nos acomete.
Fechar aos olhos e negar indefinidamente não é o caminho para nos resolvermos com a nossa anomalia. Fingir que ela não existe só nos vai trazer mais sofrimento e dor. Ignorar sua presença só vai dar-lhe mais poder sobre nós, haja vista que ao se sentir desprezada ela se arma de mais força para nos subjugar aos seus caprichos, às vontades da criança mimada e birrenta que é.
Por outro lado, também não é saudável voltar toda nossa atenção exclusivamente para a doença, não devemos supervalorizá-la, dedicar-lhe todo nosso tempo, esquecer que existe vida após o diagnóstico de uma doença grave. Infelizmente, a vida não para para que possamos viver, exclusivamente, nossa enfermidade. A vida continua, as pessoas continuam. Apesar de parecer que o mundo desabou sobre nossas cabeças, o mundo não vai parar para que possamos recolher os escombros de nós mesmos.
Agora, falando por mim, eu vivi, sim, o choque, a ansiedade, o medo, a revolta... vivi tudo simultaneamente, intensamente, mas a adaptação veio rápida e, com ela, a aceitação, pois descobri, e isso me trouxe certa paz de espírito, que essa seria a melhor forma de evitar que virasse escrava da minha companheira de vida, a Esclerose Múltipla.
Não a tornei o foco da minha vida, mas dou a ela a exata parcela da minha atenção que ela demanda, nem mais, nem menos, assim, tenho conseguido uma convivência relativamente pacífica com ela. Ela recebe de mim a atenção merecida e, em troca, me deixa continuar fazendo parte do mundo, com meus sonhos, minhas ideias e minha intensa vontade de viver.
Mas o meu tempo não é o mesmo tempo das demais pessoas. Então, eu não posso simplesmente cobrar de ninguém que aceite a EM da mesma forma que aceitei, tenho de respeitar cada um e estender minhas mãos, oferecer meu colo e meu apoio incondicional, pois a aceitação vem naturalmente quando somos compreendidos, acolhidos e respeitados nas nossas dores, medos e angústias.
Um beijo carinhoso...
Fechar aos olhos e negar indefinidamente não é o caminho para nos resolvermos com a nossa anomalia. Fingir que ela não existe só nos vai trazer mais sofrimento e dor. Ignorar sua presença só vai dar-lhe mais poder sobre nós, haja vista que ao se sentir desprezada ela se arma de mais força para nos subjugar aos seus caprichos, às vontades da criança mimada e birrenta que é.
Por outro lado, também não é saudável voltar toda nossa atenção exclusivamente para a doença, não devemos supervalorizá-la, dedicar-lhe todo nosso tempo, esquecer que existe vida após o diagnóstico de uma doença grave. Infelizmente, a vida não para para que possamos viver, exclusivamente, nossa enfermidade. A vida continua, as pessoas continuam. Apesar de parecer que o mundo desabou sobre nossas cabeças, o mundo não vai parar para que possamos recolher os escombros de nós mesmos.
Agora, falando por mim, eu vivi, sim, o choque, a ansiedade, o medo, a revolta... vivi tudo simultaneamente, intensamente, mas a adaptação veio rápida e, com ela, a aceitação, pois descobri, e isso me trouxe certa paz de espírito, que essa seria a melhor forma de evitar que virasse escrava da minha companheira de vida, a Esclerose Múltipla.
Não a tornei o foco da minha vida, mas dou a ela a exata parcela da minha atenção que ela demanda, nem mais, nem menos, assim, tenho conseguido uma convivência relativamente pacífica com ela. Ela recebe de mim a atenção merecida e, em troca, me deixa continuar fazendo parte do mundo, com meus sonhos, minhas ideias e minha intensa vontade de viver.
Mas o meu tempo não é o mesmo tempo das demais pessoas. Então, eu não posso simplesmente cobrar de ninguém que aceite a EM da mesma forma que aceitei, tenho de respeitar cada um e estender minhas mãos, oferecer meu colo e meu apoio incondicional, pois a aceitação vem naturalmente quando somos compreendidos, acolhidos e respeitados nas nossas dores, medos e angústias.
Um beijo carinhoso...
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