Bete Tezine, 2012 |
E redescobrir é tão bom.
Dá pra ter tudo outra vez. Dá pra ter tudo de novo, novo de novo. Dá pra ter um
começo e fazer diferente pra não ter, por um bom tempo, que lidar com o fim.
(Jéssica Taiza)
De tudo o que tenho vivido após a descoberta da Esclerose Múltipla, o que mais tem me surpreendido é a redescoberta do meu próprio eu, é a redescoberta de mim mesma, como mulher, como ser humano, como alguém que merece viver intensamente.
Durante a maior parte da minha vida eu vivi em função dos outros. Primeiro, minha família de origem desintegrou-se quando eu tinha apenas 13 anos, pouco mais que a idade que minha filha tem hoje.
Eu começo a compará-la comigo e vejo o quão rápido fui forçada a amadurecer. Sou a mais de velha de quatro irmãos e, com apenas 13 anos, precisei trabalhar e assumir as despesas de casa. Foi o meio de sobrevivência, pois, meu irmão mais novo tinha apenas 1 ano de idade, quando meu pai, simplesmente, achou que já estávamos criados, usando a palavra dele, na época, e que ele não tinha nenhuma responsabilidade mais de nos sustentar.
Foi, nesse momento, que eu deixei de ser criança e passei a ser a chefe da família. Triste assim.
Os anos passaram, o sonho de cursar uma faculdade ficou arquivado, a vida foi seguindo seu curso, meus irmãos foram crescendo, assumindo suas próprias vidas e eu me casei.
Veio o meu primeiro filho e, deixei de lado as minhas vontades, para viver em razão daquela vida que saiu de dentro de mim. Depois, veio minha segunda filha e me dediquei, plenamente, aos dois.
Mas, mesmo vivendo intensamente a maternidade, consegui cursar dois cursos superiores e uma pós-graduação. No entanto, não consegui me realizar profissionalmente, pois, sempre precisei me dedicar a outros interesses, muitos deles, ou melhor, a grande maioria deles, não eram meus, eram interesses dos outros.
Assim, acumulando sonhos e um sem número de frustrações, descobri a Esclerose Múltipla junto a mim e, a partir de então, comecei a sentir uma urgente necessidade de replanejar a minha história.
Não é egoísmo, não é egocentrismo, nada disso, mas, resolvi retomar eu mesma como minha prioridade de vida.
Não abandonarei, jamais, as minhas responsabilidades como mãe, meus filhos sempre serão minha vida, mas, resolvi dedicar, também, um pouco de atenção à mim mesma.
Penso que com isso, vou se uma mãe melhor, uma mulher melhor, um ser humano melhor. Pois, só damos daquilo de que estamos repletos e, eu, agora que me reencontrei, estou repleta de alegria e contentamento, assim, posso dar àqueles que necessitam de mim, um pouco da minha alegria e do meu amor próprio que floresceram novamente.
Um beijo redescoberto!
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