terça-feira, 16 de outubro de 2012

Liberdade de expressão

Bete Tezine, Cale-se (Autorretrato), 2012. 
Nanquim  sobre fotografia, 20 x 30 cm. 








Tudo está fluindo. O homem está em permanente reconstrução; por isto é livre: liberdade é o direito de transformar-se.

(Lauro de Oliveira Lima)











Desde que me propus a escrever sobre as emoções e inquietações que, como ser humano e paciente com Esclerose Múltipla, carrego comigo, tenho encontrado ressonâncias das minhas ideias em muitas outras pessoas, tanto portadores, quanto não portadores também.
A forma que optei por abordar sentimentos, muitas vezes conflitantes, que não são exclusividade de quem convive com a Esclerose Múltipla, mas que são, na maioria das vezes, comuns a todos nós, foi deixando que minhas emoções fluíssem e transbordassem para o papel. Deixo que minha alma fale, deixo que meu coração escreva as palavras que saem de dentro de mim.
E, essa minha opção, tomou forma quando eu, ao receber o diagnóstico de "esclerosada" (como bem nos nomenclatura a minha querida amiga Bruna Rocha Silveira), parti em busca de informações sobre a enfermidade e, não nego, encontrei muitas, porém, foram bem poucas as publicações que falavam acerca das emoções dos portadores, que abordassem aspectos emocionais relacionados com sentimentos e situações cotidianas.
Por esses motivos, procuro com meus textos falar de assuntos que, muitas vezes, são camuflados por nossa insegurança e por nossos medos. Assim, falo de angústias, inquietações, alegrias, vitórias e derrotas, tentando criar, por meio das minhas vivências e visão de mundo, um retrato de mim. Procuro transferir para uma linguagem amena, todas as minhas frustrações e anseios, a fim de compartilhar delas com pessoas que sentem o mesmo, mas que não conseguem expressar o que vai dentro da sua alma por meio das palavras.
Todavia, nunca nos será possível agradar a todos, sempre haverão aqueles que irão contra nossas ideias e ideais de vida. Sempre existirão aqueles que se incomodarão com nossas palavras, se sentirão ultrajados na imagem que fazem de si próprios. 
Sei que, para alguns, o que escrevo não faz sentido nenhum. Para outros, minhas palavras são como um espelho que reflete seu interior, fazendo com que tudo aquilo que estava trancafiado em um canto escuro qualquer da alma, de repente, venha à tona, trazendo com ele lágrimas e sentimentos reprimidos que, a todo custo, tiveram de ficar inertes, vendo a vida passar sem poderem participar do seu enredo.
Por tudo isso, tenho plena consciência de que meus textos são pedaços de mim e, como tais, não os imponho à ninguém, apenas faço uso da liberdade de expressão que nos é garantida pela Lei Maior do nosso país.

Um beijo carinhoso...

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