domingo, 14 de outubro de 2012

Viva a diversidade!

Operários, Tarsila do amaral.

Todo mundo ama um dia,
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora

Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz [...]

(Almir Sater/Renato Teixeira)


Acredito, piamente, que a diversidade é a característica mais significativa do ser humano.
Pertencemos todos à raça humana, mas somos seres diversos por natureza. Temos diferentes cores de pele. Temos diferentes cores e formatos de olhos. Falamos diferentes línguas. Possuímos diferentes culturas, costumes e princípios. Temos diferentes credos e religiões. Escolhemos diferentes opções sexuais. Somos de variadas classes sociais. Nossos valores são diversos. Nossas ideias e ideais de vida não são homogêneos, mas, muitas vezes, conflitantes entre si. Temos diferentes orientações políticas. Diferentes formas de pensar e agir.
Por tudo isso, tudo que ocorre nas nossas vidas é vivenciado por nós de forma única. Cada um de nós tem uma maneira própria de viver a vida, de suportar a dor e de curar as próprias feridas.
Assim, não se pode exigir atitudes iguais de seres tão desiguais. Cada ser é único em suas características físicas e emocionais. Cada um possui um particular potencial de enfrentamento aos obstáculos e situações.
Somos seres únicos e, como tais, possuímos singularidades que nos tornam individuais. Somos, cada um, a sua maneira, seres especiais, mas nunca deixamos de necessitar uns dos outros. Somos incapazes de nos bastar por nós mesmos, uma vez que fomos criados para convivermos uns com os outros.
E, essa convivência só se torna possível quando temos respeitadas nossas diversidades, nossas diferentes características, atitudes e ideais de vida. Não é possível vivermos em sociedade sem nos atermos às diversas formas de existir, pensar e agir.
Então, por tudo isso, é perfeitamente compreensível que cada um de nós, aos recebermos o diagnóstico de qualquer enfermidade que nos acometa, independentemente da sua gravidade ou potencial de fatalidade, tenhamos reações e modos de lidar com o diagnóstico completamente diversos uns dos outros.
Não se pode exigir, de seres completamente heterogêneos entre si, uma reação uniforme. Cada um de nós vive e reage à sua maneira, ao seu modo, da forma que lhe for possível. É inconcebível a exigência de um padrão de enfrentamento, pois, como seres únicos, únicas também são as nossas maneiras de ver e viver a vida.
Quanto a mim, diante do diagnóstico de Esclerose Múltipla e, mediante minha forma de vivenciar e enfrentar meus medos e anseios, optei por não esconder minhas angústias e inquietações, não significando, com isso, que eu não possa viver de forma feliz e equilibrada.
Por tudo isso, é que me resguardo o direito de ser eu mesma. De ter minha opinião e ideias respeitadas, mesmo que sejam divergentes das demais pessoas. 
Como ser único que sou, não posso exigir que minha forma de lidar com a enfermidade seja imposta a todos e, por outro lado, também não posso aceitar a imposição à mim, de formas de agir e reagir que não são compatíveis comigo, uma vez que "cada um de nós compõe a sua história, cada um carrega o dom de ser feliz, de ser capaz...”

Um beijo diverso em cada ser diverso!


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