Porque há o direito ao
grito.
então eu grito.
(Clarice Lispector)
Tenho andado cansada de explicar para o mundo que não estou depressiva.
Tenho andado exausta de comentários me dizendo que preciso ser forte, que preciso aceitar minha doença, que preciso ter mais fé.
Tenho sentido tristeza quando não sou compreendida em meu direito de expressar minhas emoções, sejam elas de alegria ou de angústia, não importa.
Me causa extrema melancolia a ditadura imposta aos seres humanos de se mostrarem sempre fortes e felizes em qualquer circunstância da vida. Sorriso nos lábios sempre, mesmo quando a alma chora. Não consigo aceitar isso.
Também, me causa profundo desapontamento, ouvir dizer que não devo levar a outros pacientes com Esclerose Múltipla a minha forma de conviver com ela. Me deixa decepcionada saber que seres humanos, como eu, tentam se esconder atrás de uma máscara de aceitação, de alegria infinita e de superação, quando, na verdade, isso é apenas um disfarce para a negação, a tristeza e a entrega.
Não pretendo ser a dona da verdade. Não pretendo ser melhor que ninguém, nem mais forte, nem mais guerreira. Nada disso. O que pretendo, tão somente, é ser eu mesma, nada mais.
O que quero que entendam é que chorar não significa fraqueza. É que estar triste não significa estar deprimido. É que assumir uma dor não significa infelicidade.
O que almejo é fazer entender que dias escuros não significam blecaute da alma. É demonstrar que emoções contraditórias nem sempre são sinais de transtorno bipolar, mas, na maioria das vezes, são apenas flutuações de sentimentos comuns a toda raça humana.
Busco, com meus desabafos, mostrar para as demais pessoas que compartilham comigo das mesmas angústias, que assumir um medo não significa ficar refém dele. Que vivenciar o luto por uma perda não representa interiorizá-lo para sempre na nossa vida.
Sou intensa. Quando amo, amo de verdade, sem reservas, sem medo, sem ficar na defensiva. Quanto estou feliz, deixo que a alegria saia de mim e contamine o mundo ao meu redor. Quanto a luz ilumina meu dia, saúdo a beleza da vida com minhas obras repletas de luminosidade. Porém, quando estou triste, ferida, dolorida ou sem ânimo algum, minha luz se apaga, minhas mãos produzem, na escuridão do meu próprio eu, obras que refletem toda minha angústia interior.
Todavia, essa minha intensidade em me entregar às minhas emoções, não me tornam alguém à beira do suicídio, muito pelo contrário, faz de mim alguém mais sensível, de bem com a vida e buscando ser feliz, de verdade, não apenas através de uma máscara.
Um beijo no coração...
Olá Drika!
ResponderExcluirQue bom te ver de novo por aqui....
O texto foi mesmo um desabafo, pois ando farta de ser chamada de depressiva por não tentar ocultar minhas angústias de ser humano que sou.
Um beijo