sábado, 1 de dezembro de 2012

Atriz coadjuvante...





Coadjuvante de uma história de mil facetas; por isso sou toda alívio. Compartilho a nobre coragem protagonista, de só desejar a felicidade.

(Camila Custodio)





Eu já afirmei, algumas vezes, que aceitei, plenamente, a presença da Esclerose Múltipla na minha vida, porém, isso não significa que, de vez em quando, eu não me estranhe com ela, chegando mesmo a odiá-la, de verdade.
Ontem,  foi um desses dias em que ela esteve me importunando tanto, mas tanto, que tive vontade de bani-la da minha vida de uma vez por todas, se isso fosse possível,  é claro.
Como ela ficou indisciplinada! Quis, a todo custo, chamar a minha atenção, pois eu acredito que tenha percebido que anda perdendo espaço na minha vida, uma vez que eu, por um período de tempo considerável, mal me lembrei da sua presença. Não fosse pelo fato de ter de me autoaplicar as injeções de Refib, três vezes na semana, ela teria passado incógnita por vários e vários dias.
No entanto, toda vez que se sente ignorada, relegada a segundo plano, como uma criança birrenta, ela se agarra às minhas pernas, se pendura em mim, não me dá um instante de folga, me obrigando a arrastá-la para aonde quer que eu vá.
Assim, minhas pernas se arrastam... nossa! Como fica difícil caminhar!  
Meu corpo parece que está eletrizado, sinto mesmo que, se ligar algum aparelho elétrico em mim, ele irá funcionar perfeitamente, tal a intensidade dos choques que me acometem.
Meu braço esquerdo perde, de vez, o pouco da força que lhe resta.
Minha cabeça gira, gira, gira, me deixando mais tonta que o habitual.
E o meu humor, então? Esse fica completamente desestabilizado. Como eu choro em dias como esse! Pareço uma criança querendo colo.
São tantos sintomas juntos que, tenho a nítida impressão, que fizeram um conluio para me desestabilizarem totalmente e, assim, ficar mais fácil  deixar minha ingrata companheira tomar conta de mim.
Porém, apesar disso tudo, o que ela ainda não percebeu é que eu já desvendei boa parte das suas artimanhas, motivo pelo qual eu até me deixo levar por ela, durante um curto espaço de tempo, como forma de aplacar um pouco dos seus caprichos de menina indisciplinada que é. Porém, quando lhe dou corda, minha intenção verdadeira é puxar de volta, trazendo e imobilizando-a até  vislumbrar que ela vai me deixar em paz por mais algum tempo. 
Ela é assim. É o que eu tenho aprendido nesse meu processo de convivência com essa impulsiva e imprevisível companheira de vida. Ela quer atenção, quer chamego, quer mimos, me quer exclusivamente para ela. Então, eu a deixo acreditar que me entreguei aos seus desmandos e, quando pensa que me dominou, em um momento de descuido, eu me levanto e  a coloco em seu devido lugar, ou seja, o de atriz coadjuvante, pois, o papel principal, apesar da insatisfação dela, ainda é meu e, continuará sendo, pelo tempo que eu quiser.

Um beijo carinhoso!



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