quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Relembrando minha primeira consulta neurológica





O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente.

(Mario Quintana)




No último dia 8, completou 1 ano da primeira consulta que tive com minha neurologista, a Dra. Maria Cristina Brandão de Giácomo. Me lembro de todos os pormenores daquela consulta como se ela tivesse ocorrido no dia de ontem.
Já havia 2 meses que eu tinha perdido toda a sensibilidade e força do lado esquerdo do meu corpo, sentia dores insuportáveis, juntamente com choques que começavam na minha coluna vertebral e irradiavam até a sola dos meus pés, além de desequilíbrios e perda de coordenação motora da mão direita. Desde o início desses sintomas, como, por coincidência, eu possuo 10 pinos e uma placa de metal dentro do tornozelo esquerdo, por conta de uma fratura sofrida há alguns anos atrás, eu acabei indo procurar médicos ortopedistas que, me deram o diagnóstico, de uma inflamação na região em que se encontram os pinos e me medicaram com anti-inflamatórios que nada resolveram, muito pelo contrário, eu piorava a cada dia.
Foi, assim, que cheguei ao cirurgião que operou o meu tornozelo e que afastou qualquer possibilidade de ser um dano ortopédico, me encaminhando, então, para um neurologista. 
Então, voltando à primeira consulta com a Dra. Maria Cristina, sentada, diante dela, sozinha, expliquei a ela tudo o que estava sentindo e respondi todas as perguntas que me foram feitas por ela. Devo confessar que estranhei demais alguns questionamentos, pois, eu pensava comigo mesma, como que problema ocular que eu pudesse ter tido no passado ou o fato de urinar ou não normalmente, poderiam ter alguma ligação com o que eu estava sentindo na época. Porém, mal sabia eu, que naquela primeira consulta, ela já havia diagnosticado o mal que me acometia. No entanto, ela me disse, apenas, que iria vasculhar meu cérebro e minha coluna vertebral em busca da causa das alterações neurológicas pelas quais eu estava passando.
Então, ao término da consulta, saí do consultório com vários pedidos de exames, dentre eles três ressonâncias magnéticas e, naquele momento, eu não tive curiosidade de ler o que estava escrito nas guias, porém , quando recebi as autorizações para os procedimentos do meu plano de saúde, vi que a suspeita da neurologista era o CID G35 - Esclerose Múltipla. Naquela noite, não dormi... passei a noite inteira em frente ao computador pesquisando sobre a doença. Foi, naquele momento, que eu tive a certeza de que era portadora de Esclerose Múltipla. Naquele momento, eu identifiquei diversos sintomas que eu sentia há anos e que sempre foram tratados isoladamente, nunca foram ligados um ao outro. Naquele momento, fazendo uma retrospectiva da minha vida, me lembrei de coisas que havia sentido e que não mencionei na consulta por não mais me lembrar deles, até então. Naquele momento, eu descobri que tive a doença neurológica ao meu lado por mais de 15 anos sem saber o seu nome, sem saber exatamente o que ela esperava de mim, o que me causou diversos sofrimentos, uma vez que ela se sentiu negligenciada. 
Depois disso, me submeti à maratona de exames que só confirmaram as suspeitas da minha neuro e as minhas próprias. Foi assim que, no dia 2 de fevereiro de 2012, às 16h40min, de uma quinta-feira ensolarada, sozinha, eu recebi a confirmação de que era portadora de Esclerose Múltipla. Ouvi todas as explicações, recebi todas as recomendações e, sozinha, sai do consultório e, sozinha, dirigi até em casa.
Hoje, me lembrei demais desse período da minha vida, talvez por que a minha companheira esteja muito mais exigente nesses dias quentes de final de primavera, do que jamais esteve durante o tempo em que convive comigo. Ela, simplesmente, resolveu me lembrar da sua presença a cada segundo do meu dia. Como é geniosa essa minha companheira, caprichosa mesmo! Mas, eu não permito que ela dite sempre as regras, não mesmo, pois, apesar de sentir no meu próprio corpo os desmandos dessa companhia indigesta, eu não dou a ela a oportunidade de ditar as regras para a minha vida, pois, diariamente, eu supero as dificuldades de tê-la pendurada em mim e, assim, vou vivendo um dia de cada vez.

Um beijo carinhoso!


3 comentários:

  1. Oi Bete,
    A EM realmente é nossa companheira já há vários anos quando conseguimos nomeá-la. As lembranças então vão surgindo...
    Espero que vc melhore, mas esse calor é de matar para qualquer um, para nós então, pior ainda!!!
    Abraços,

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  2. Oi Bete tenho EM diagnosticada ha quase 5 anos.

    Me identifiquei muito com este resto do seu blog, temos que ter muita força para que EM não site todas as regras da nossa vida.

    O fim da primavera de 2012 tb foi bem difícil para mim.

    Vamos lá firme e forte nesta luta.

    Bjs

    Aline Vian

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  3. Olá Aline!

    Obrigada por ter passado por aqui! Realmente precisamos nos superar a cada dia para que a EM não seja a dona das nossas vidas!

    Um beijo

    Bete

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