segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Maratona em busca do Rebif






O que vale a pena possuir, vale a pena esperar.

(Marcelo A. Pereira)







Todo primeiro dia útil do mês, eu me dirijo à farmácia de dispensação de medicamentos de alto custo do Hospital Estadual Mário Covas, que é o local, aqui na minha região, onde é entregue o Rebif. 
Hoje, como sendo o primeiro dia útil do mês de dezembro, como faço todos os meses, fui até lá para retirar minhas injeções. Porém, já de longe, percebi que seria um dia difícil, pois, vi um aglomerado de pessoas na rampa de acesso e no pátio que antecede a entrada da farmácia. Era gente que não acabava mais. Confesso que fiquei assustada, uma vez que, nesses 9 meses de uso do Rebif, nunca antes vi tamanha quantidade de pessoas para retirarem medicamentos como vi hoje.
Assim, munida de coragem, subi a rampa de acesso e me dirigi à entrada da farmácia que, embora seja um local razoavelmente amplo, não cabia mais uma pessoa sequer. Recebi a senha de nº 3569 e, no painel, estavam chamando a de nº 3199. Todavia, existem quatro ou cinco sequências diferentes de numeração de senhas, uma para cada tipo de serviço que é oferecido no local. Desse modo, acredito, que haviam, ao menos, umas 1000 pessoas na minha frente. 
O pior de tudo, não foi isso, o pior mesmo é que hoje eu não acordei me sentindo bem. Minha garganta está horrível, estou gripada e com dores nas pernas. Olhei ao redor e não achei um único lugar para sentar. O salão de espera, embora amplo, tem pé-direito baixo, acredito que menos de 3 m de altura, o ar condicionado do local não vence a demanda, pois as portas ficam constantemente abertas, o que fez o calor lá dentro ficar insuportável, além do aglomerado de pessoas que se apertavam à espera de atendimento, aumentando, ainda mais, a sensação de abafamento. 
Quem é esclerosado, como eu, sabe bem o que significa ficar em um lugar abafado e em pé durante horas. Assim, permaneci ali durante mais ou menos uns 20 minutos e, nesse tempo, da minha sequência de senha, foram chamadas, apenas, 4 pessoas. Fiz um cálculo mental do tempo médio de espera e conclui que havia tempo mais que suficiente para eu ir para casa, almoçar e depois retornar. Assim o fiz.
Depois de mais ou menos duas horas, retornei e, para meu desânimo total, ainda faltavam 170 pessoas para serem atendidas, apenas da minha sequência numérica. Pensei comigo: fazer o que, não é? Eu precisava das injeções para hoje, pois é dia de aplicação e não tinha nenhuma sobressalente.
O calor estava intenso, do lado de fora sol escaldante, do lado de dentro um inferno na terra. Desse modo, encostei em um canto qualquer e fiquei a espera de que, por um milagre, as senhas fossem chamadas em uma velocidade mirabolante, o que, para minha mais profunda decepção, não ocorreu. Após mais ou menos 1 hora e meia em pé, naquele calor infernal, consegui uma cadeira pra sentar, pois, minhas pernas não estavam mais me suportando. Todavia, o que parecia ser a solução para minhas dores, se mostrou completamente fora de cogitação, pois, as cadeiras do local são bastante altas e eu, no alto dos meus 1 m e 50 e poucos cm de altura, não conseguia apoiar os pés no chão, o que, apenas, intensificou as dores que estava sentindo. 
Nossa! Sentia dor, sentia sono, sentia a fadiga me dominando, as horas se arrastavam e minha senha nunca chegava. Como foi difícil hoje!
Devo dizer que fui atendida após cerca de 3 horas de espera, isso porque eu fui para casa, pois, se não tivesse feito isso, tranquilamente teria ficado lá por quase 6 horas esperando para retirar minhas preciosas injeções.
A essa altura, acho que já podem imaginar o estado lamentável que cheguei em casa, não é mesmo? De verdade, me senti feito gelatina exposta ao calor de um dia de verão. Literalmente, me senti derretendo, tal a fadiga que tomou conta de mim.
Assim, depois de um dia de retirada de medicação totalmente atípico, pois, nem mesmo os funcionários do local sabiam explicar o por quê de tal acúmulo de pessoas, eu me joguei na cama e dormi, dormi muito, apaguei de verdade e, quando acordei, a fadiga tinha me dado uma trégua e as dores também, tinham adormecido. Dessa forma, sem fazer nenhum barulho que pudesse chamar-lhes a atenção, voltei para a vida, porque a fadiga e a dor, ao menos por hoje, não têm mais lugar junto a mim.

Um beijo carinhoso!

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