terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Descobertas...






Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida.

(Platão)








Ao me diagnosticar como portadora de Esclerose Múltipla, uma das principais recomendações da minha neurologista, foi a psicoterapia.  Ao me fazer a indicação, ela me falou sobre a necessidade de cuidar muito bem do meu corpo e da imprescindibilidade de cuidar da cabeça, também, pois, impossível manter o corpo o mais saudável possível se a mente estiver adoecida.
Então, seguindo as recomendações médicas, passei a fazer acompanhamento psicológico logo após a descoberta da doença autoimune. Porém, devo dizer que, muito antes disso, eu já sentia a necessidade de recorrer à psicoterapia, mas, confesso, que nunca levei essa minha necessidade muito a sério, deixando o tempo passar, até que, me vi "obrigada", a buscar ajuda profissional para cuidar das minhas emoções conflitantes.
Hoje, após alguns meses de terapia, posso dizer que a Esclerose Múltipla é o assunto menos abordado nas minhas consultas semanais. Tenho descoberto, dia após dia, facetas da minha própria personalidade até então desconhecidas para mim. Desconhecidas ou ignoradas propositadamente, não sei bem precisar. O que sei é que me conheci mais, nesses últimos 9 meses, do que durante o restante do tempo em que já vivi.
Muitas das mudanças que tenho vivenciando interiormente, eu credito, sem nenhuma reserva, às conversas que tenho com a minha psicóloga, pois, ela consegue me fazer ver coisas que, sozinha, nunca consegui ou, não quis, visualizar. A cada semana, eu me percebo mais e me permito sentir emoções recalcadas, há tanto tempo, que nem me lembrava mais de que um dia, todas elas, fizeram parte de mim.
É, assim, que tenho tomado coragem, paulatinamente, para reassumir o comando da minha própria vida. Tenho me permitido deixar fluir, para fora de mim, sentimentos que me oprimiam, mas que, por medo de críticas, eu sempre deixei que ficassem guardados lá dentro do meu eu, querendo sair, é verdade, mas, sempre sufocados a tempo, antes que explodissem em um turbilhão de emoções. É certo que, ao fazer isso, eu acabei por cultivar feridas na alma, feridas que sangraram por tanto tempo que foi quase impossível a cicatrização, deixando marcas profundas que, aos poucos, tenho conseguido amenizar, a fim de que parem de doer tanto e me deixem voltar a acreditar que tenho direito a expressar minhas emoções, independentemente de quais sejam elas, pois são minhas e, aos demais, só cabem respeitar, mesmo que não concordem com o que deixo transparecer por meio da minha arte ou escrita.
Foi desse modo, também, que descobri que é impossível impedir sofrimentos alheios, pois, na ânsia de nunca decepcionar quem quer que fosse, foram tantas as vezes que decepcionei a mim mesma, que fica impossível mensurar o tamanho do estrago que isso provocou dentro de mim. Entendi, a custa de muitos diálogos que, se não podemos retirar com nossas próprias mãos o sofrimento de um filho, quem dirá de outra pessoa qualquer. Posso ser solidária, posso estender minha mão, posso dar meu ombro, porém, não posso impedir e nem me sentir responsável pelo que, cada um, decide fazer com a própria vida, pois, isso, só posso fazer comigo mesma. 
Descobri, também, que ninguém muda ninguém. Não há possibilidade de moldar as pessoas à nossa imagem e semelhança. Cada ser é único e, como tal, é único em sua personalidade e escolhas. Então, compreendi que, quando não me sinto satisfeita com o que alguém tem a me oferecer, não adianta tentar fazer que ele me ofereça o que espero receber, devo me contentar com o que me é oferecido, sem culpas ou ressentimentos ou, então, buscar, eu mesma, o que almejo para minha própria vida.
Ainda, compreendi que, apesar de estar quase sempre rodeada por pessoas, na verdade, tenho estado sozinha há tempo suficiente para deixar que a solidão me tornasse uma mulher sem amor próprio e com a autoestima bem próxima do chão. Desse modo, ao perceber esse meu estado crônico de solidão, resolvi dar um basta no que me faz infeliz e, dar espaço, para que a companhia que tanto necessito se achegue junto de mim e nunca mais de deixe só. 
Hoje, posso dizer, que fiz as pazes com minha própria vida e reassumi o comando da minha própria história.

Um beijo de alguém que se redescobriu!


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