quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Meu lugar no mundo...




Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... Autoestima.

(Charles Chaplin)






Das muitas  coisas que a descoberta de ser portadora de Esclerose Múltipla trouxe junto com ela, posso afirmar que a mais significativa de todas, é o fato de eu ter percebido, mesmo a contragosto, que não podia mais ficar inerte à minha falta de perspectiva quanto a mim mesma.
Feriu, machucou, doeu, fez ferida, sangrou, mas, me despertou um novo olhar acerca da minha condição de mulher que havia perdido seu espaço no mundo.
Era isso mesmo que eu sentia, mas, não ousava admitir, nem para mim mesma que eu não tinha mais um espaço demarcado nas tramas da vida. Não sei como se deu isso. Não sei quando foi isso. Não sei dizer o que aconteceu. O fato é que eu, realmente, não mais cabia em lugar algum.
Não era apenas um deslocamento temporário ou, mesmo, uma substituição a curto prazo. Não, nada disso. Eu, simplesmente, sentia que minha posição havia sido perdida permanentemente, sem direito à regresso, sem poder pleitear de volta o lugar que era meu.
Fiquei tempo demais inerte, aguardando sem esperança alguma que, do nada, fosse criado um novo lugar para mim. Não pleiteie a minha antiga posição em momento algum. Não questionei a minha substituição compulsória. Na verdade, nada fiz, apenas assisti de camarote a minha insignificância diante do que impuseram a mim e eu, tacitamente, aceitei sem defesa, sem reação, sem vontade de lutar.
Mas, quando me deparei, cara-a-cara com a possibilidade, mesmo que remota,  de me tornar incapaz,  eu percebi que não podia mais me deixar ficar de espectadora da minha própria trajetória. Entendi que eu era a culpada, em grande parte, senão totalmente, por ter aceitado tudo o que impuseram para a minha vida, sem opor resistência, sem argumentar, sem me defender. Aceitei e sofri, mas, não reagi.
Assim, em um momento de reflexão e de uma profunda autoanálise do meu eu, resolvi que é chegada a hora de retomar tudo o que me foi tirado sem que eu tivesse, ao mesmo, tentado manter comigo. 
Então, comecei por ir em busca da minha firmação como mulher. Mulher na verdadeira acepção do termo. Não esposa. Não mãe. Não portadora de uma enfermidade incurável. 
Mulher, simplesmente. Ser humano do sexo feminino, dotado de profunda sensibilidade e vontade de voltar a fazer parte do mundo. 
Hoje, resolvi que vou tomar de volta da vida, tudo o que ela levou de mim: autoestima, amor próprio, autoconfiança, vontade de viver plenamente, coragem, determinação e disposição para ocupar novamente o lugar que era meu, mas que, por puro comodismo e, digo mesmo, por covardia, eu não ousei contestar quando fui, literalmente, expulsa de lá.

Um beijo repleto de coragem...


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