Bete Tezine, Autorretrato. Pintura digital sobre fotografia, 2013. |
Quando iniciamos com honestidade um intenso questionamento sobre nossas vidas, paramos de dar voltas em círculos e passamos a avançar em alguma direção.
(Maurício A. Costa)
Eu tenho 45 anos, mas acho que isso todos já sabem. O que não sabem é que, apesar de não ser encucada com a idade, vez ou outra me ponho a pensar sobre o que significa para mim estar caminhando, a passos largos, para quase meio século de existência.
Fazendo uma retrospectiva da minha vida, percebo que tenho muito mais sonhos sonhados do que sonhos realizados, aliás, os que apenas sonhei sem ter tido a oportunidade de colocá-los em prática superam, largamente, os que pude realizar. Confesso, que isso provoca em mim uma sensação de impotência, de perda de controle das minhas próprias escolhas, quando não, das minhas próprias emoções.
Quantos não foram os projetos que tracei e, por circunstâncias que fugiram ao meu controle, os vi sendo arquivados ? Nossa! Já perdi a conta de quantos foram!
Quantas pessoas que imaginei que ficariam na minha vida para sempre, mesmo que o para sempre significasse até o fim dos meus dias, mas elas simplesmente partiram muito antes de mim? Posso dizer que foram várias, com algumas simplesmente perdi o contato, outras, no entanto, talvez as mais importantes, criaram asas e voaram para uma outra dimensão, deixando uma saudade infinita.
Quantos foram os caminhos pelos quais eu desejei trilhar, mas que fui obrigada a enveredar por desvios que me levaram para outros lugares que nunca desejei ir? Foram inúmeros, nem posso precisar o número exato.
Qual a quantidade de vezes que tive de reformular teorias por perceber que, por mais que eu quisesse, elas eram impossíveis de serem aplicadas por motivos alheios ao meu controle? Já perdi a conta.
Qual o número de vezes que precisei reinventar-me como forma de sobrevivência? Ah! De verdade, eu reinvento-me a cada dia a fim de manter minha sanidade e prosseguir vivendo da melhor maneira possível, apesar dos percalços e barreiras impostas pela vida.
Diante de todos esses questionamentos que me fiz e das respostas que dei a mim mesma, percebi que eu não preciso aceitar, passivamente, o rumo que minha vida tomou independentemente da minha vontade.
Percebi que eu posso não ter o controle de tudo, que muitas vezes vou ter de reformular planos e projetos de vida, mas, o que fazer e como fazer para não me deixar afundar em autocomiseração e decepções comigo mesma, é responsabilidade minha e só cabe a mim fazer, a mais ninguém.
Descobri que posso não ter o controle sobre todos os rumos que minha vida ainda poderá tomar, mas de que forma trilhar esses novos caminhos é algo que apenas eu decido.
Portanto, vou recolorir minha vida, vou olhar com outros olhos para os sonhos arquivados e, pouco a pouco, vou ver os que ainda posso viver e, os que se tornaram utopia, vou colocar na lixeira, pois, viver de sonhos impossíveis não acrescentará nada em mim, muito pelo contrário, só me tornará melancólica e decepcionada com a vida.
Um beijo carinhoso!
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