sábado, 21 de setembro de 2013

Um dia me disseram...



Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Um dia me disseram
que os ventos às vezes erram a direção
E tudo ficou tão claro
Um intervalo na escuridão
Uma estrela de brilho raro
Um disparo para um coração

[...]

(Somos quem podemos ser, Humberto Gessinger)

Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão e eu, teimosamente, me recusei a acreditar. Como assim? Como as nuvens não eram de algodão? Impossível, elas eram, sim, de algodão, foi o que pensei.
Um dia me disseram que pessoas podem ser más, que elas podem estraçalhar nossos corações em um piscar de olhos. Eu me recusei a crer que seres humanos pudessem ser tão cruéis assim e continuei acreditando na bondade das pessoas.
Um dia me disseram que o amor aprisiona almas. Eu, categoricamente, não quis acreditar, porque, na minha visão, o amor sempre liberta, não amarra, não prende, mas traz vida plena, livre e isenta de dor.
Um dia me disseram que decepções nos tornam amargos. Eu, mais uma vez, não cri nessa fala, pois decepções, na minha visão, não matam, apenas nos tornam mais fortes para buscar o melhor das pessoas.
Um dia me disseram que uma grande amizade pode se perder no tempo. Eu, de forma alguma, dei atenção a essas palavras, pois, para mim, uma grande amizade nunca se perderá no tempo, uma vez que mesmo longe, amigos verdadeiros, continuarão presentes um no coração do outro.
Um dia me disseram que tempestades podem se tornar uma constante em nossas vidas. Eu nunca acreditei nisso. Tempestades vêm, mas sempre são sucedidas por um período de calmaria, no qual o sol volta a brilhar e a brisa sopra doce, trazendo esperança outra vez. 
Um dia me disseram que o "para sempre" sempre acaba. Eu nunca vou acreditar nisso, porque têm coisas, sim, que são eternas dentro de nós, que nunca irão embora, que sempre estarão vivas nas nossas lembranças. 
Um dia me disseram que o tempo apaga tudo. Eu não tive como crer que a ação do tempo pode apagar uma história, uma lembrança, pois, há coisas que se tornam eternas e não há tempo capaz de tirá-las de nós.
Um dia me disseram que têm feridas que não cicatrizam nunca. Eu acreditei nisso. Mas, hoje, admito que me enganei, porque por mais que doa, sangre, lateje, toda ferida, uma hora, deixa de ser uma dor lancinante para se tornar, tão somente, uma cicatriz. E é isso que me dá forças para fazer, todo dia, um novo curativo nesta chaga que ainda está aberta, mas que uma hora vai fechar, deixando em seu lugar apenas uma marca que o tempo não apagará, no entanto, não vai mais latejar. Essa tempestade aqui dentro, um dia vai passar...

Beijos leves feito nuvens de algodão!

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