segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Isto, não é amor...



Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém, posso apenas dar boas razões para que gostem de mim. E ter paciência para que a vida faça o resto.

(Shakespeare)


Existe uma diferença imensurável entre amor e sentimento de posse. Muitos do que dizem amar, na verdade, sentem-se donos daqueles a quem acreditam dedicar o mais profundo amor. 
Amar, não é aprisionar um coração. Amar, não é se tornar dependente do outro a ponto de tolher sua liberdade de ir ou ficar. Amar, não é tornar o outro a única razão da sua felicidade.
Antes de qualquer coisa, só conseguiremos amar depois de termos amado, intensamente, a nós mesmos. E, isso, não se trata de narcisismo, não se trata de sermos apaixonados pela nossa própria imagem. Significa, porém, que temos de ter por nós o mais profundo respeito, nos da a importância que merecemos e  acreditar que somos essenciais para nós mesmos. 
Só assim, estaremos aptos a amar, incondicionalmente, uma outra pessoa. Só assim, teremos plenas condições de dedicar-lhe nosso mais sublime e verdadeiro amor. Amor, na verdadeira acepção do termo. Amor, despretensioso. Amor, que liberta. Amor, que constrói. Amor, que fortalece. Amor, que engrandece. Amor, que alimenta e dá vida. Amor, que transcende o corpo físico e atinge a alma. Amor, sem reservas. 
Todavia, temos a tendência incontrolável de depositar no objeto do nosso amor, ou para ser mais exata, da nossa fixação, a responsabilidade por nossa felicidade. Transferimos, muitas vezes sem nos dar conta, o que cabia a nós mesmos à outra pessoa a quem dizemos amar. Lhe impingimos o encargo de nos fazer felizes, quando a felicidade não é externa, quando não há possibilidade de encontrá-la em outro lugar que não seja no nosso próprio interior. 
Isso, não é amor, isso é egoísmo, é egocentrismo, é a mais perfeita forma de aprisionamento de almas que pode existir. Chantagens emocionais não comovem, pelo contrário, transformam qualquer resquício de amor em raiva, em descontentamento, em desamor latente. Fazer drama para manter ao nosso lado um amor quebrado só provoca mais certeza de que o sentimento se foi, de que o que era para ser eterno se perdeu em algum momento da caminhada a dois. 
O amor precisa ser cultivado, precisa ser constantemente avivado, regado, adubado e tratado como a mais tenra e rara flor. Falta de cuidado e atenção faz o amor se partir em mil pedaços que, por mais que tentemos juntar e colar, jamais voltará a ser inteiro novamente. O amor despedaçado se transforma em piedade, em desencanto, mas, incontestavelmente, jamais voltará a ser amor como foi um dia. 
Não tem como imaginar que podemos convencer alguém que deixou de nos amar que o amor pode ser restaurado. Não dá para impor nossa presença e obrigar o outro a nos amar. Amor não se pede, amor não se suplica, amor não se negocia. Amor verdadeiro é gratuito, é doação sem esperar nada em troca, é querer a felicidade do outro mesmo que isso signifique a sua ausência em nossa vida, é querer tanto que deixamos o outro ir e ser feliz onde e como ele quiser.
Não existe amor imposto. Amor não se suplica, amor se dá, simplesmente.

Um beijo no coração...


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