sábado, 16 de fevereiro de 2013

Diagnóstico...







Uma das causas mais comuns de todas as doenças é o diagnóstico.

(Karl Kraus)








No último dia 2, completou 1 ano que fui diagnosticada como portadora de Esclerose Múltipla. 365 dias se passaram desde aquele dia em que, sentada sozinha na frente de minha neurologista, ouvi dela a confirmação da sua suspeita inicial, pois, desde a minha primeira consulta, ela já desconfiou de Esclerose Múltipla.
O que mudou na minha vida durante esse último ano? Quais foram os aspectos positivos e os negativos de me descobrir portadora de uma enfermidade autoimune, degenerativa e sem cura até os dias atuais? Como eu lidei com a minha nova condição de vida durante esse tempo que se passou desde o diagnóstico?
Essas são perguntas que fiz, a mim mesma, quando parei para pensar nos impactos que a Esclerose Múltipla trouxe para minha vida depois da sua descoberta. 
Eu já escrevi algumas vezes que nem tudo o que tenho vivido pós-diagnóstico é negativo, longe disso, pois, ao fazer um balanço imparcial, percebi que os aspectos positivos superaram os negativos com larga vantagem e, isso, posso afirmar sem demagogia alguma.
Receber o diagnóstico não foi nada fácil, muito pelo contrário, foi um momento em que verti lágrimas amargas por medo do futuro, pelo temor da dependência física, pela imprevisibilidade da doença... foi realmente angustiante ouvir a confirmação da suspeita, uma vez que sempre temos a esperança de que ela não se confirme, embora as evidências apontem indubitavelmente para a sua constatação. Todavia, viver acometida por sintomas que me limitavam e causavam sofrimentos imensuráveis e que, a certa altura, cheguei a achar que fossem psicológicos, posso dizer, seguramente, que me causou muito mais danos do que descobrir os reais contornos e limites da minha companheira de vida.
Ficar dependente de injeções que me atropelam feito um trator, três vezes por semana, realmente, não é a melhor coisa do mundo, todavia, conviver com um fantasma que me não se mostrava inteiramente, mas, que me alfinetava o tempo inteiro sem no entanto deixar ver a sua cara, motivo pelo qual não havia tratamento possível, posso dizer que foi bem pior que levar as três picadas semanais a fim de manter o fantasma rebelde sob controle pelo maior tempo possível.
Por outro lado, eu posso afirmar, seguramente, que evolui bem mais como ser humano nesse último ano do que evolui durante todos os demais anos da minha vida. Eu me sensibilizei mais, me tornei mais paciente e mais de bem com a vida.
Outro aspecto positivo foi o fato de que passei a me enxergar como mulher, me olhei com olhos de quem sabe ver e descobri que posso reconquistar meu lugar no mundo, que tenho direito de ser eu mesma,  conciliando com os demais papéis que cabem a mim desempenhar.
A Esclerose Múltipla trouxe em sua bagagem, também, a libertação das palavras em forma de escrita que estavam presas dentro de mim há tempos... elas verteram para o lado de fora e deixaram o espaço livre para ser  ocupado por outras possibilidades, por outros caminhos, por outras histórias, por outros sonhos.
Por tudo isso, não tenho como não afirmar que me descobrir "esclerosada" não foi tão terrível quanto eu pensei naquele dia 02 de fevereiro de 2012,  na verdade, descobri que o fantasma da Esclerose Múltipla é muito pior que a sua verdadeira face.

Um beijo carinhoso!


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