Fonte: Google Imagens |
Você tem que dizer aquilo que está sentindo quando realmente estiver sentindo.
(Taylor Swift)
Por que será que é tão difícil acreditar naquilo que os olhos não podem ver?
Por que será que que olhares incrédulos pousam naqueles que sofrem de patologias que não sangram?
Por qual motivo temos de viver justificando aquilo que sentimos intensamente, mas que nosso corpo não mostra a olho nu?
Tenho andado farta de precisar justificar a minha fadiga, as minhas dores, fraquezas musculares, choques, espasticidades, medo, impotência...
Eu tenho Esclerose Múltipla, uma doença imprevisível e muitas vezes invisível, preciso justificar mais????
Outro ponto que me exaure é me ver constantemente bombardeada com comentários do tipo: você tem de ser mais otimista! Você precisa ter fé! Você precisa ser menos negativa! Você não pode se lamentar! Como se o fato de ser realista, encarar de frente e ter coragem de assumir o peso e todas as dificuldades que a doença neurológica me traz fossem sinônimos de pessimismo e lamentação!
Eu e todos os seres humanos temos o direito de expormos nossos medos, incertezas, dores, angústias, sem que sejamos tachados de pessimistas, descrentes ou de pessoas que só sabem se lamentar da vida, uma vez que uma coisa é você conseguir colocar para fora todos os seus dramas interiores e, outra, é você se deixar dominar pela doença sem ao menos esboçar uma reação.
A Esclerose Múltipla não me domina, mas ela me limita em muitas coisas sim! Não tenho como negar isso. Não dá para dizer que eu levo uma vida absolutamente normal. Ela mudou e muito minha vida e isso é inevitável que aconteça quando somos acometidos por uma enfermidade que nos provoca, mesmo que invisivelmente, tantos sintomas físicos e emocionais.
Como negar que você se levantar da cama mais cansado do que quando foi se deitar te deixa incapaz de realizar tantas coisas que tinha planejado no dia anterior? Como dizer que sentir dores que analgésicos não abrandam não tira seu bom humor e te deixa com a tolerância diminuída na maioria das vezes? Como não assumir que sentir o corpo não obedecer aos comandos do cérebro provoca uma inevitável impotência?
Talvez muitos dirão que basta ser muito forte e tudo isso pode ser superado com fé e otimismo. Eu não discordo que a força realmente nos impulsiona e não nos deixa desistir, mas ninguém, por mais saudável e forte que seja, consegue ser forte o tempo todo. Aliás, ninguém precisa ser forte o tempo inteiro, pois todos, mas todos mesmo, vivem seus momentos de desalento, tristeza, impotência, angústia e solidão e, isso, nem de longe é sinal de fraqueza, mas muito pelo contrário, isso é, apenas e tão somente, sinal de humanidade.
Beijos humanos no coração de todos!
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