Ponto de ônibus do final do calçadão da Av. Oliveira Lima Centro - Santo André/SP |
Montagem da intervenção urbana |
Visão da instalação finalizada |
Como justificativa para a intervenção, nossa turma apresentou o seguinte texto:
[..]
Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...
[...]
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de
paciência...
Será que é tempo
Que lhe falta pra
perceber?
Será que temos esse
tempo
Pra perder?
E quem quer saber ?
A vida é tão rara
[..]
(Lenine,
Paciência)
Nos dias atuais, é comum ouvirmos das pessoas que o tempo está passando mais rápido. Fala-se,
constantemente, acerca da aceleração do tempo. De fato, se compararmos quanto
tempo demorava para chegar o Natal, ou o nosso aniversário, quando tínhamos
sete anos, com o tempo em que essas mesmas datas demoram para chegar nos dias
de hoje, teremos, nitidamente, a impressão de que o tempo está, realmente,
passando mais rápido. Mas será mesmo? Será que está havendo um encurtamento dos
dias? Ou será que estamos imersos em tal número de atividades que as 24 horas
do dia não são mais suficientes?
Para Carlos Alberto de Farias:
Na realidade a aparente falta de tempo
é uma percepção errônea do que acontece, pois temos os mesmo 31.536.000 de
segundos por ano, tais como nossos ascendentes pré-históricos tinham.
O que mudou foi que o conhecimento
aumentou, os chamamentos à nossa atenção aumentaram, as possibilidades de
entretenimento aumentaram, as múltiplas opções, facilidades e possibilidades
estão presentes em nossas decisões mais simples - veja, por exemplo, as
possibilidades oferecidas na compra de um simples detergente lava-louça.
Todo este conjunto de possibilidades
nos coloca imersos em um mundo que nos é impossível apreender em sua
totalidade, podendo gerar também ansiedade pelo desejo de fruição deste
conjunto inumerável de facilidades colocadas à nossa mão.
A
bem da verdade, no mundo globalizado, cada vez mais as pessoas estão envoltas
em uma rotina que envolve a execução de inúmeras atividades: trabalho,
estudos, família, cursos, compras, médico, dentista, academia, reuniões... Enfim,
é uma maratona a ser seguida, dia após dia, desencadeando estresse e
impaciência com os atrasos, mesmo os mais ínfimos. E o lugar onde essa impaciência se mostra com muito mais
intensidade, sem dúvida nenhuma, é nos pontos de ônibus, uma vez que a espera
pelo transporte público se traduz em verdadeira tortura para o Homem cujo tempo
é tão escasso.
Assim, se prestarmos atenção nos
passageiros que esperam seus ônibus, veremos que eles, a cada fração de minuto,
verificam as horas, expressando no rosto uma impaciência que cresce
proporcionalmente ao número de consultas ao relógio.
A população dos grandes centros
cresce desordenadamente e a frota de ônibus urbanos não acompanha esse
crescimento, o que, aliado aos infinitos congestionamentos de trânsito
provocados pela falta de planejamento urbano e a expansão vertiginosa do número
de veículos particulares nas ruas, estendem, ainda mais, o tempo de espera nos
pontos de parada.
Tudo
isso faz com que os ônibus, principalmente nos horários de picos, além dos
constantes atrasos, circulem com lotações muito acima da capacidade máxima de
cada um. Os passageiros se apertam, dentro dos coletivos, na tentativa de não
perderem ainda mais tempo à espera do próximo ônibus.
Outro aspecto decorrente da falta de
tempo que podemos observar nos pontos de parada de ônibus é a solidão, uma vez
que o avanço da tecnologia torna o ser humano cada vez mais solitário, pois, se
ela aproxima os que estão longe, acaba por afastar quem está próximo. Desse
modo, ao observarmos, mais uma vez, as pessoas que aguardam a chegada dos
transportes urbanos, nota-se que, raramente, uma fala com a outra. Não se fala
com as pessoas que estão ao lado, porém, fala-se com o marido, ou com a mulher,
ou com o filho, ou com o amigo, ou com a namorada, que estão a quilômetros de
distância, mas não se fala com aquele que está ao lado, não se compartilha a
angústia pelo atraso do ônibus que lhe fará, também, atrasar para um dos
inúmeros compromissos do dia. Cada passageiro se fecha em sua própria concha,
mergulhado em uma profunda solidão e na angústia por perder tempo à espera de
um ônibus que não chega.
Mas,
de acordo com Ana Reis:
A falta de tempo é, muitas vezes, uma
ilusão que nos esforçamos por manter. Para não termos que lidar com o medo de
estar a desleixar uma parte importante da nossa vida.
E é esse medo que nos mantém dentro da
nossa zona de conforto. Uma concha dura que nos isola de tudo, incluindo, de
nós próprios.
Referências:
Obs.: Intervenção realizada no dia 26/5/2012 pelo 6º semestre da Habilitação em Artes Plásticas, da FAINC. Alunos: Alexandre Barasino – Alíria Barbosa – Diana Miron – Bete Tezine – Letícia Barrionuevo – Ligia Mara Rodrigues – Rosalda Rolim – Rosana Rossi – Tânia Turcato
Um beijo grande!
FARIA, Carlos Alberto
de. Culpa por falta de tempo?
Disponível em: <http://www.merkatus.com.br/10_boletim/155.htm>. Acesso: 21 mai. 2012, 16:00:35.
LENINE, Paciência. Disponível em: <http://letras.terra.com.br/lenine/47001/
>. Acesso: 21 mai. 2012, 17:35:15.
REIS, Ana. A ilusão da falta de tempo. Disponível em: <http://www.arevolucaodamente.com/a-ilusao-da-falta-de-tempo/>. Acesso: 21 mai. 2012, 16:14:17.
Obs.: Intervenção realizada no dia 26/5/2012 pelo 6º semestre da Habilitação em Artes Plásticas, da FAINC. Alunos: Alexandre Barasino – Alíria Barbosa – Diana Miron – Bete Tezine – Letícia Barrionuevo – Ligia Mara Rodrigues – Rosalda Rolim – Rosana Rossi – Tânia Turcato
Um beijo grande!