sábado, 13 de setembro de 2014

Falhas nas engrenagens...




O corpo humano está passível à doenças da mesma forma que o processo logístico está passível de falhas.

Elaine Stefani Santin







O corpo humano, segundo dizem, é a máquina mais perfeita que existe. No entanto, se nosso corpo é uma máquina, ele, por mais perfeito que seja, está passível de falhas mecânicas e nós, esclerosados, sabemos disso com propriedade de causa.
Eu tenho sentido, paulatinamente, minhas engrenagens emperrarem. Estou, cada dia mais, sentindo dificuldades para realizar tarefas corriqueiras, como me abaixar para pegar as chaves do carro que pularam, teimosamente, da minha mão que já não consegue segurar as coisas como antes. As escadas, ah! as escadas! Como podem ter ficado tão difíceis de serem transpostas? A impressão que tenho é de que os degraus ganharam vários centímetros na altura ou, então, minhas pernas estão encurtando.
Por que os meus braços estão tão pesados mesmo quando não estou carregando nada? Eles pesam por si sós, pesam tanto que parecem que vão se desprender dos meus ombros.
As distâncias, quando estou andando a pé, se multiplicaram vertiginosamente. Um quarteirão agora deve estar medindo uns mil metros ou mais de tanto que minhas pernas pesam. Meus passos estão ficando curtos, arrastados, cansados...
O que faz meus olhos se cansarem de olhar? Por que as letras embaralham, as retinas trocam de lugar? Por que sentir fadiga visual?
Como explicar o fato de ter tido uma noite de sono e acordar mais cansada do que quando fui dormir? O que está falhando no meu corpo que faz com que tudo se torne tão cansativo? Por que a fadiga me consome sem causa aparente? Por que é tão difícil conviver com esta falta de energia persistente?
Por que esta máquina que é o meu corpo resolveu se voltar contra ela mesma num dado momento da minha vida? Por que o sistema imunológico que deveria proteger meu organismo se pôs a atacá-lo? Por que a comunicação falha? Por que tanta bagunça no meu sistema nervoso central? 
Tantas indagações para tão poucas respostas... a verdade é que a engrenagem está emperrando dia-a-dia e não há lubrificação que dê jeito nos desgastes provocados pela Esclerose Múltipla.

Beijos carinhosos!


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