quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Um Natal sem árvore...








O Natal não é uma data... É um estado da mente.


(Mary Ellen Chase)





Outro Natal, outra véspera de Natal, outra semana nostálgica, mas, desta vez, não senti a magia que sempre me domina nesta época... estrou prostrada, anestesiada, escravizada pela Esclerose Múltipla.
Pela primeira vez, em muitos anos, não tive condições físicas de montar minha árvore. Isso me entristece porque a árvore de Natal, apesar de ser apenas um símbolo, exerce em mim um fascínio mágico e me prepara para finalizar mais uma etapa da minha vida. Sem ela, parece que algo está ficando sem bordar na minha história. As pontas estão soltas.
Em todos os anos passados, sempre fui eu quem foi para a cozinha preparar os itens da ceia. Salgados, doces, saladas, tudo feito por mim, incluindo as rosquinhas de pinga que faço há anos em toda véspera de Natal. Porém, surtar na semana anterior, me impediu de continuar com essa tradição. Sem árvore, sem rosquinhas de pinga.
Meu corpo está exausto, fadigado, dolorido ao estremo, fraco ao extremo, desequilibrado ao extremo. Minha fala está lenta, tenho pensado muito antes de falar porque as palavras escapam da minha boca, se escondem, fazem firulas nas minhas cordas vocais. Os corticoides me inflaram, estou inchada, com uma fome insaciável, insone, com gosto de fel na boca. 
Este está sendo o meu pior surto diagnosticado...
São 21 h e eu, lentamente, consegui lavar os cabelos, coisa que me parece tão desgastante como escalar o monte Everest; me vesti vagarosamente e estou estendida na cama, ofegando para digitar, mas, eu precisava deixar registrado mais este meu momento de árdua batalha contra a Esclerose Múltipla, essa impiedosa, descontrolada, bipolar, que sem nenhuma cerimônia chega e muda tudo nas nossas vidas. 
Esclerosar é bem mais que adquirir uma doença autoimune e neurológica... esclerosar é, mesmo que isso signifique sangrar de tristeza, abrir mão de tradições que nos acompanharam pela vida afora...
Fiquei sem minha árvore montada no canto da sala... fiquei sem as rosquinhas... 
Estou sem forças...

Um Natal de luz e reflexão a todos!


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