quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Ir e vir...

Bete Tezine, Autorretrato, 2014.

Vivo num constante ir e vir,
onde pra mim,
nem curvas,nem esquinas turvas,
nem aos tropeços paro!
Levanto...
Sigo cada vez mais lapidada...
mas preparada pra chegar onde eu quero

(Patty Vicensotti)




Não sei se já falei em algum outro post que fui agraciada pela vida, além da Esclerose Múltipla, com epilepsia. Minha neurologista disse que é raríssimo alguém ser portador das duas anomalias, mas eu tenho, infelizmente.
Minhas convulsões são rápidas, duram poucos segundos, porém, dependendo do que eu esteja fazendo, causam um estrago sem tamanho. Por conta delas eu tenho 10 pinos e uma placa de aço dentro do tornozelo esquerdo, já estirei o ligamento do tornozelo direito, já apaguei no volante e colidi com dois outros carros, afora outros eventos que não deixaram sequelas além de alguns hematomas pelo corpo.
Eu descobri que sou epilética 2 meses antes de ser diagnosticada como portadora de Esclerose Múltipla e faço uso de anticonvulsivo desde então e, há quase 1 ano, após o aumento da dose diária, estou livre das convulsões. Porém, após o incidente isolado no volante, meu marido fica inseguro cada vez que preciso ou quero ir sozinha, dirigindo, a algum lugar. Na verdade, ele sempre tenta me fazer levar alguém comigo. Mas eu resisto, resisto bravamente, pois minha liberdade de ir e vir, sozinha, tem uma importância primordial para mim.
Já escrevi um post falando do fantasma da dependência, do medo que me ronda, por mais que eu tente espantá-lo, de perder minha autonomia. Portanto, enquanto minhas pernas puderem me levar aonde eu quero e preciso ir, eu irei, irei sem medo, irei sozinha, irei segura de mim.
De verdade, eu entendo todas as preocupações comigo. Entendo o receio de que aconteça algo enquanto eu dirijo, mas eu necessito dessa liberdade, necessito poder andar com as minhas próprias pernas, necessito ir e voltar, ir ou ficar, por meu querer, por minha vontade, por minha disposição.
Sendo assim, enquanto minha companheira indigesta permitir que eu tenha autonomia de me locomover sem necessitar de qualquer tipo de apoio, enquanto ela continuar, embora pesada, ainda possível de ser carregada, eu continuarei indo e vindo como e quando eu quiser ou necessitar  e, devo dizer, que isso não tem nenhum resquício de orgulho, muito pelo contrário, significa apenas que eu não fui dominada e, espero jamais ser, pelos caprichos da Esclerose Múltipla. 

Um beijo livre no coração de todos!

2 comentários:

  1. Concordo com vc amiga . Podemos ter a esclerose múltipla, mas ela não nos tem. Contudo, fique atenta afinal vc foi contemplada c duas patologias. Não só por sua segurança, mas tb daqueles que podem de alguma forma serem prejudicados devido algum imprevisto. Tb zelo mto por minha autonomia mas não sei q preciso de bom senso para que não prejudique nem a min nem a meu próximo. Bjs

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  2. Você conhece Dr. Cícero Galli Coimbra?

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