
Minha solidão não tem nada a ver com a presença ou ausência de pessoas… Detesto quem me rouba a solidão, sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia…
(Friedrich Nietzsche)
Fazia meses que eu não acordava me sentindo tão sozinha como acordei hoje. E, mais uma vez, não foi qualquer tipo de solidão, mas daquela solidão gritante, cortante, lancinante que machuca a gente, que nos toma por refém, que nos envolve, martiriza, arranca o sorriso dos lábios, sem piedade, e nos devolve, em troca, um nó na garganta que sufoca, suspende a respiração e toma conta de todo nosso ser.
É, eu acordei me sentindo terrivelmente só.
Não sozinha por ausência de companhia.
Não sozinha pela falta de alguém.
Mas sozinha com os meus medos, meus anseios, minhas inquietações, meus fantasmas, minhas sombras, minhas desilusões, minhas angústias indefinidas, minhas neuroses...
Um sentir-se só que faz com que a Esclerose Múltipla que fica sempre me espreitando, querendo encontrar uma brecha para tomar conta de mim, se achegue, sorrateiramente, sussurrando coisas nos meus ouvidos, encobrindo a luz que ilumina meus dias, se agigantando de tal forma, diante de mim, que eu quase me deixo levar por ela tal a minha falta de energia quando estou tão só.
Eu e a Esclerose Múltipla... o pior tipo de solidão que existe.
Uma solidão que fala.
Uma solidão que arrepia.
Uma solidão que dói.
Uma solidão que amedronta.
Uma solidão que corrói.
Uma solidão que desestrutura.
Uma solidão que exaure.
Hoje, eu acordei me sentindo sozinha. Não uma solidão qualquer, mas o pior tipo de solidão que existe... a solidão a dois, ou melhor, a duas...
Beijos solitários...