sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Nunca desista de sonhar...



No decorrer da vida vamos acumulando sonhos que, em sua grande maioria, vão sendo condicionados a eventos que nem sempre acontecem. É aquela história de "quando eu conseguir tal coisa vou viajar" ou "se eu conseguir isso ou aquilo vou trocar de emprego" e por ai vai. Colocamos condições para realizar nossos sonhos e acabamos por estancar nos nossos "se" e "quando" e os sonhos terminam no fundo das gavetas dos nossos arquivos pessoais, cheios de poeira e teias de aranha, até caírem no esquecimento.
Quando descobrimos uma doença, seja ela curável ou não, apertamos o "stop" e paramos de sonhar, colocamos toda nossa energia no combate ou controle da enfermidade e, mesmo sem fazer disso o foco da nossa existência, os condicionamentos dos sonhos antigos e dos que ainda temos para sonhar se tornam mais latentes, vamos deixando a vida passar sem que vivenciemos o que havíamos traçado pra nós mesmos. A doença faz com que, na maioria das vezes, nos sintamos incapazes de conquistar o que foi nossa prioridade de vida quando éramos "saudáveis".
Eu fiz isso com a minha vida. Eu parei de sonhar no dia em que a Esclerose Múltipla adentrou pela porta com passagem só de vinda. Eu estanquei e acreditei, piamente, que o meu maior sonho jamais seria realizado e o releguei ao arquivo morto, dentro de uma gaveta empoeirada, repleta de traças que tentaram, a todo custo, corroerem-no até que ele se desfizesse por completo. Eu, na minha insegurança total, quase deixei que a doença autoimune me fizesse desistir de sonhar. 
Mas, como a vida é uma caixinha de surpresas, alguns sonhos que eu havia desistido, por conta própria, saíram pelas frestas das gavetas e se fizeram reais quando eu já nem lembrava mais deles. Veio o convite para a participação em um livro de poesias e prosas poéticas. Veio o convite para ser umas das blogueiras da AME. A fanpage Versos derramados que se materializou como um pequeno desabafo das minhas escleroses diárias já está caminhando para 50 mil seguidores.  Este blog tem tido acesso de quase o mundo inteiro. Meus textos que, nada mais são que meros retratos das minhas vivências, têm dado voz a outros esclerosados que não possuem facilidade para expressarem suas angústias por meio de palavras. Tantas conquistas que eu acreditava que jamais fariam parte da minha vida e, agora, o maior dos meus sonhos que estava na mais profunda das gavetas está prestes a se tornar realidade e espero que, brevemente, possa compartilhá-lo com todos vocês.
Por tudo isso, o que tenho a dizer é que jamais, mas jamais mesmo, desistam de sonhar, mesmo que tudo vá contra a materialização dos seus sonhos, mesmo que a Esclerose Múltipla lhes diga ao ouvido que vocês não podem mais, que vocês não têm mais capacidade para realizar seus projetos, pois ela vai tentar, a todo custo, lhes fazerem desistir e arquivarem seus sonhos, assim como fiz com os meus, mesmo assim, não desistam, persistam, insistam e, quando menos esperarem, eles se farão reais e a vocês só restarão abraçá-los com força e viverem intensamente cada um deles.

Um beijo sonhador no coração de todos...

3 comentários:

  1. Mais um lindo texto. Parabéns.Bjos e fik com Deus

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  2. Beth. Vc me alertou p uma realidade que vem me rondando, comendo pelas beiradinhas. Apesar de ter 54 anos, um casal de filhos, casada há 32 anos, já torcendo pela minha aposentadoria (secretária de escola há 25 anos, detalhe, 13 anos em 2 escolas), ainda penso em realizar projetos que não me foram possíveis, em função de prioridades. Meu diagnóstico foi em 2013 e seu texto me encorajou a tirá-los rapidinho da gaveta... Afinal, quem sabe o nosso futuro? Bjs, Maria Roseli

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  3. Beth. Vc me alertou p uma realidade que vem me rondando, comendo pelas beiradinhas. Apesar de ter 54 anos, um casal de filhos, casada há 32 anos, já torcendo pela minha aposentadoria (secretária de escola há 25 anos, detalhe, 13 anos em 2 escolas), ainda penso em realizar projetos que não me foram possíveis, em função de prioridades. Meu diagnóstico foi em 2013 e seu texto me encorajou a tirá-los rapidinho da gaveta... Afinal, quem sabe o nosso futuro? Bjs, Maria Roseli

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