quarta-feira, 1 de julho de 2015

Quando um amigo surta...

Fonte: Bete Tezine  - última pulsoterapia







Não tem coisa pior do que você surtar em silêncio. 

(Edson.F')







Surtar é o ato máximo de esclerosar. Surtamos quando a nossa companheira indigesta nos domina por alguns instantes, ou mesmo dias, e nos deixa vulneráveis as suas investidas contra nosso corpo, nossas emoções e nossa  capacidade de lidar com as adversidades que ela nos impõe. Surtar é algo que nos debilita por completo...
Eu tive dois surtos recentes e vários amigos múltiplos também atravessaram ou estão atravessando surtos e, devo dizer, que quando um amigo surta, embora não sintamos os efeitos em nosso corpo, nossa alma surta junto com ele. 
Sentimos cada uma das dores que se apossa do seu corpo. Sentimos cada sintoma que o surto lhe acarreta. Sentimos cada gota de corticoide que entra por sua veia durante a pulsoterapia. Sentimos o gosto amargo de fel que invade seu paladar conforme o medicamento vai circulando por sua corrente sanguínea. Sentimos o surto como se fosse em nós...
Ninguém que não tenha surtado nessa vida é capaz de entender por completo o que significa se ver a mercê dos caprichos da Esclerose Múltipla e ter de lutar contra ela com uma arma tão ingrata quanto a pulsoterapia, uma vez que ela bate de frente com o surto, mas, em contrapartida, nos provoca tantas reações que às vezes nos perguntamos o que é pior, ela ou o surto em si.
As emoções ficam à flor da pele. Os sentimentos ficam contraditórios. O corpo fica frágil. O sono se esvai. A fome fica alucinante. O sabor de metal transforma tudo que ingerimos em papel. A fadiga fica à beira do insuportável. A fraqueza se acentua. Inchamos, inflamos, choramos por nada e por tudo...
Então, quando um amigo surta, compreendemos cada um dos seus sentimentos e lhe damos nosso apoio, ombro, ouvidos e, muitas vezes, o mais difícil de fazer, nosso silêncio quando ele for mais que necessário a fim de respeitar o momento de introspecção do outro. 

Um beijo no coração de todos!


2 comentários:

  1. deus me livre! corticóides tô fora! Eu tive dois surtos fortes mas como não sabia que tinha EM fiquei meio inválida arrastando a perna, tonta e com uma fadiga que eu não sabia de onde vinha até passar... é isso, se um médico tivesse diagnosticado a EM eu teria sofrido mais ainda com esses remédios...agora que sei que tenho EM também não tomo nada disso e estou muito melhor assim. Se vou ter outro surto não sei, mas não tomo esses remédios!

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  2. Tive o prazer de conhecer essa pessoa fantástica , lutadora , que com seus textos e sua arte, abranda a dor dilacerante de tantos outros. Abração Bere

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