terça-feira, 3 de dezembro de 2013
Pesos desnecessários...
Fechei os olhos e pedi um favor ao vento: Leve tudo o que for desnecessário. Ando cansada de bagagens pesadas.. Daqui para frente apenas o que couber no bolsa e no coração.
(Cora Coralina)
Têm pessoas que são tão leves de carregar que mais parecem que são plumas a flutuarem por sobre nossas cabeças. São pessoas de riso fácil, de olhar carismático, de palavras amenas, de ouvidos disponíveis, de visão que enxerga além do que as aparências mostram. Não, não são pessoas perfeitas, longe disso, nem pessoas sem problemas, muito pelo contrário. São pessoas que enfrentam, muitas vezes, até mais dificuldades que as demais. Que vertem lágrimas doloridas,que têm feridas abertas, que têm cicatrizes na alma.
Porém, existem pessoas cujo peso emocional nos transporta para o fundo do calabouço da nossa alma. São pessoas tão pesadas, tão dotadas da capacidade de nos jogar para baixo, que fica difícil manter nossa sanidade ao lado delas. Seus lábios proferem risos sarcásticos, seu olhar transborda ressentimentos, suas palavras são cortantes feito navalha, não sabem ouvir, apenas falar das próprias maledicências que sempre são maiores que as dos demais, vivem das aparências externas e não enxergam nada além do próprio umbigo.
Por toda a minha vida eu tenho carregado pesos desnecessários, levando na bagagem dores e ressentimentos que não eram meus, lágrimas derramadas por ingratidões que nunca foram minhas, mágoas engolidas pela falta do perdão que outros não deram, olhares de reprovação por coisas que não fiz, palavras ásperas por incompreensões que não foram minhas...
Me sobrecarreguei de pessoas que não mereciam tanta dedicação minha. Adoeci, esclerosei, surtei, chorei, gritei, deprimi, quase morri de tristeza...
Mas, como nada nesta vida é em vão, como tudo tem uma razão de ser, minha quase morte se mostrou ser a minha real ressurreição. É, isso mesmo, ressuscitei das minhas próprias angústias e percebi que não tenho de carregar mais nenhuma bagagem desnecessária, descobri que não sou responsável pela falta de amor próprio de ninguém, que não sou o paliativo para pessoas adoecidas por mazelas de alma e caráter. Não posso curar ninguém que não deseja a cura real, não posso dar tudo de mim para quem não merece nada, não posso carregar as frustrações alheias, nem ser responsável por atos ensandecidos daqueles a quem um dia dei o meu melhor, mas que apenas me deram desamor de volta.
Eu desisti, ou melhor, esvaziei a mala da bagagem maléfica, uma vez que carregar a Esclerose Múltipla comigo já é um peso aquém das minhas forças, muitas vezes.
Eu me amo, demorei para aceitar isso, demorei para aceitar que tenho de me amar mais do que a qualquer outra pessoa, a fim de poder dar o meu melhor àqueles que realmente valham a pena. Sem amor próprio eu não amaria nada nem ninguém.
Minha mala está bem mais leve agora...
Beijos leves no coração de todos!
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