terça-feira, 5 de março de 2013

O verão roubando a cena...


Tristeza é quando chove
quando está calor demais
quando o corpo dói
e os olhos pesam
tristeza é quando se dorme pouco
quando a voz sai fraca
quando as palavras cessam
e o corpo desobedece [...]

(Martha Medeiros)


Como já disse em outro post, o calor sempre foi um grande problema para mim, mesmo antes de saber o por quê disso. O calor me provoca sensações tão debilitantes que fico imprestável, na verdadeira acepção do termo.
Moro em São Paulo, mais precisamente no grande ABC paulista. São Paulo, a ex  terra da garoa, digo ex porque garoar por aqui agora é uma coisa muito rara de acontecer. 
Me lembro bem de, quando era criança, acordar nos dias de inverno com uma camada branca de geada cobrindo tudo. Isso acontecia com muita frequência, sem contar que cada estação do ano era bem demarcada.  
Agora, para o meu desespero e, acredito, que de todos os "esclerosados" que aqui residem, parece que o verão resolveu roubar a cena das demais estações, assumindo o papel principal nos palcos de cada uma delas. No inverno, assumiu, simultaneamente, os lugares da geada e da garoa, que foram substituídas por um sol escaldante e um ar extremamente seco. Na primavera, as tardes amenas deram lugar a um calor intenso, com o verão tomando o papel outra vez. No outono, minha estação antes preferida, começou como uma extensão do verão, os dias estão tão quentes, que ninguém diz que houve transição de uma estação para outra.
Como viver em um verão constante, durante a maior parte do ano, tem sido difícil para mim! Nesses dias quentes, a fadiga faz a festa em minha vida, me subjuga, me domina, me faz refém das suas manhas e manias. 
Além disso, eu sinto que até meu cérebro fica com o funcionamento mais lento nos dias quentes de verão, meu raciocínio vai a passos de tartaruga enquanto fico impaciente e irritada com uma facilidade surpreendente. Tudo parece conspirar para me deixar pior. É suor, é falta de energia, é irritabilidade, é intolerância com tudo. Me torno quase irascível em dias de extremo calor.
Finalizando, eu só quero fazer um pedido aos familiares e amigos de todos os portadores de Esclerose Múltipla: por favor, nunca mais, mas nunca mais mesmo, em hipótese alguma, agora que já sabem como nos sentimos quando expostos ao calor, profiram a frase que nos deixam profundamente irritados e nos sentindo incompreendidos. É, é aquela frase mesmo, aquela que eu já ouvi diversas vezes e sei que não foi exclusividade minha. Esta frase: nossa, só você que está sentindo esse calorão todo! 

Um beijo acalorado!

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